Cap. 4 - Fenomenologia do Espírito - Hegel

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Hegel – Fenomenologia do Espírito

Pág.                                                                                           Cap. 4. Consciência de Si

134. Para o pensar, o objeto não se move em representações ou figuras, mas sim em conceitos, o que significa: num ser-em-si diferente, que imediatamente para a consciência não é nada diferente dela. O representado, o figurado, o essente como tal, tem a forma de ser algo outro que a consciência; mas um conceito é, ao mesmo tempo, um essente, e essa 135. diferença, enquanto está na consciência mesma, é seu conteúdo determinado; porém por ser tal conteúdo, ao mesmo tempo, algo conceptualizado, ela permanece imediatamente cônscia de sua unidade com esse essente determinado e diferente. Não é como na representação em que a consciência tem ainda de lembrar-se expressamente de que isso é sua representação; ao contrário, o conceito é para mim, imediatamente, meu conceito... E meu movimento em conceitos é um movimento em mim mesmo.
Seu princípio ( do Estoicismo ) é que a consciência é essência pensante e que uma coisa só tem essencialidade, ou só é verdadeira e boa para ela, à medida que a consciência aí se comporta como essência pensante.
O  objeto sobre o qual atual o desejo e o trabalho é a expansão multiforme da vida, diferenciando-se em si mesma: sua singularização e complexificação.
136. O estoicismo é a liberdade que imediatamente saindo sempre da servidão retorna à pura universalidade do pensamento. Como forma universal do espírito do mundo, o estoicismo só podia surgir num tempo de medo e de escravidão universais, mas também de cultura universal, que tinha elevado o formar até ao nível do pensar.
A liberdade no pensamento tem somente o puro pensamento por sua verdade; e verdade sem a implementação na vida. Por isso é ainda só o conceito da liberdade, não a própria liberdade viva. Com efeito, para ela a essência é só o pensar em geral, a forma como tal, que afastando-se da independência das coisas retornou a si mesma. Mas porque a individualidade, como individualidade atuante, deveria representar-se como viva; ou como individualidade pensante, captar o mundo vivo como um sistema de pensamento; então teria de encontrar0se no pensamento mesmo, para aquela expansão do agir, um conteúdo o que é bom, e para essa expansão do pensamento, um conteúdo do que é verdadeiro. Com isso não haveria absolutamente nenhum outro ingrediente, naquilo que é para a consciência, a não ser o conceito que é a essência.
A consciência, quando pensa o conteúdo, o destrói como um ser alheio, sem dúvida; mas o conceito é conceito determinado e justamente essa determinidade é o alheio que o conceito possui nele.
137. Essa igualdade consigo-mesmo do pensar é apenas a pura forma na qual nada se determina.
Essa consciência pensante, tal como se determinou, como liberdade abstrata, é portanto, somente a negação incompleta  do ser-outro; apenas se retirou do ser-aí, para si mesma; e não se levou a cabo como absoluta negação do ser-aí nela. De certo, o conteúdo vale para ela só como pensamento: aliás como pensamento determinado, e ao mesmo tempo como determinidade enquanto tal.
O cepticismo é a realização do que o estoicismo era comente o conceito; - e a experiência efetiva do que é a liberdade do pensamento: liberdade que em si é o negativo, e que assim deve apresentar-se.
Agora, no cepticismo vem a ser explícita para a consciência a total inessencialidade e a não-autonomia desse Outro. O pensamento torna-se o pensar consumado, que aniquila o ser do mundo multideterminado; e nessa multiforme figuração da vida, a negatividade da consciência- de-si livre torna-se a negatividade real.
138. O cepticismo revela o movimento dialético que são a certeza sensível, a percepção e o entendimento; e também a inessencialidade do que tem valor na relação de dominação e servidão, e do que para o pensamento abstrato vale como algo determinado.
Aquela relação abrange ao mesmo tempo, em si, uma maneira determinada, na qual também leis morais são dadas como mandamentos do senhor; porém as determinações no pensamento abstrato são conceitos da ciência, na qual o pensamento sem conteúdo se expande, e de uma maneira puramente exterior, de fato, atribui o conceito a um ser independente dele, que constitui seu conteúdo; e só mantém como validos determinados conceitos, embora sejam também puras abstrações.
É essa consciência-de-si ( do Cepticismo) que na certeza de sua liberdade faz desvanecer até esse outro que se fazia passar por real; e não só o objetivo como tal: também sua própria relação com ele, na qual vale e é valorizada como objetiva.
Mediante essa negação consciente de si, garante a consciência-de-si para si mesma a certeza de sua própria liberdade, e assim a eleva à verdade. O que desvanece é o determinado ou a diferença que se estabeleça como firme e imutável, de qualquer modo e seja donde for... O pensar é a penetração nessa natureza do diferente; é a essência negativa como simples.
139. A consciência mesma é a absoluta inquietude dialética, essa mescla de representações sensíveis e pensadas, cujas diferenças coincidem e cuja igualdade se dissolve de novo, pois ela mesma é determinidade frente ao igual. Mas de fato esta consciência justamente aqui, em vez de ser uma consciência igual-a-si-mesma, é apenas uma confusão permanente casual – a vertigem de uma desordem que está sempre se reproduzindo.
A consciência céptica é isso para si mesma, já que ela mesma mantém e produz essa confusão movimentada... Não consegue rejuntar em si esses dois elementos de si mesma ( consciência de si igual a si mesma; e consciência casual, confusa e desconcertante ) : ora conhece sua liberdade como elevação sobre toda confusão e casualidade do ser-aí; ora torna a conhecer-se como recaída na incessencialidade como azáfama em torno dela. Faz desvanecer no seu pensar o conteúdo inessencial; mas exatamente nisso a consciência é algo inessencial: declara o absoluto desvanecer, mas o declarar é; e essa consciência é o desvanecer declarado. Declara a nulidade do ver, ouvir, etc, e ela mesma vê, ouve, etc; declara a nulidade das essências éticas e delas faz as potencias de seu proceder.
140. Ela mesma tem uma dupla consciência contraditória da imutabilidade e igualdade; e da completa contingência e desigualdade consigo mesma. Mas mantém os termos dessa contradição separados um do outro, e se comporta nisso como no seu movimento puramente negativo em geral. Se lhe indicam a igualdade, ele indica a desigualdade e quando se lhe objeta essa desigualdade que acaba de declarar, passa adiante para declarar a igualdade. Seu falatório é, de fato, uma discussão entre rapazes teimosos: um diz A quando o outro diz B, e diz B quando o outro diz A e assim cada um, à custa da contradição consigo mesmo, se paga a alegria de ficar sempre em contradição como outro.
No cepticismo a consciência se experimenta em verdade como consciência em si mesma contraditória; e dessa experiência surfe uma nova figura que rejunta os dois momentos que o cepticismo mantém separados.
Essa nova figura é portanto uma figura que para si é a consciência duplicada de si como libertando-se, imutável e igual a si mesma.
No estoicismo, a consciência-de-si é a simples liberdade de si mesmo. No cepticismo, essa liberdade se realiza, aniquila o outro lado do ser-ai determinado; aliás, melhor dito, se duplica, e agora é para si mesma algo duplo. Desse modo, a duplicação que antes se repartia entre dois singulares – o senhor e o escravo – retorna à unidade; e assim está presente a duplicação da consciência-de-si em si mesma, que é essencial no conceito do espírito. Mas não está ainda presente a sua unidade, e a consciência infeliz é a consciência-de-si como essência duplicada e somente contraditória.

A consciência Infeliz – cindida dentro de si

141. Por ser ela inicialmente apenas a unidade imediata das duas consciências de si, mas não serem as duas para ela a mesma consciência, e sim consciências opostas -, então, para essa consciência infeliz uma é como essência, a saber, a consciência simples e imutável; mas a outra, mutável de várias formas, é como o inessencial.
A posição que atribui às duas consciências não pode ser uma indiferença recíproca, quer dizer, uma indiferença de si mesma para com o imutável; mas ela é imediatamente ambas as consciências; a relação entre ambas é, para ela, como uma relação da essência para com a inessência, de sorte que essa última é suprassumida.  Mas enquanto as duas consciências são igualmente essenciais e contraditórias, ela é somente o movimento contraditório, onde o contrário não chega ao repouso em seu contrário, mas nele se reproduz somente como contrário.
A consciência da vida, de seu ser aí e de seu operar, é somente a dor em relação a esse ser-aí e operar, pois nisso só possui a consciência de seu contrário como sendo a essência, e a consciência da própria nulidade. Daí parte na ascensão rumo ao imutável. Mas tal ascensão é essa consciência mesma, e portanto, imediatamente, a consciência do contrário, isto é, de si mesma como singularidade. O imutável que entra na consciência é, por isso mesmo, tocado igualmente pela singularidade, e só se faz presente junto a ela. E a singularidade, em vez de ter sido eliminada na consciência do imutável, somente reponta ali sempre de novo.
142. Nesse movimento a consciência experimenta justamente o surgir da singularidade no imutável e do imutável na singularidade.
Nessa consciência, a singularidade se encontra vinculada ao imutável de modo tríplice:
1.       Ela mesma reponta de novo para si como posta à essência imutável, e é recambiada ao inicio da luta, que permanece o elemento da relação em seu todo.
2.       O próprio imutável tem nele a singularidade para a consciência, de maneira que a singularidade é figura do imutável, que se encontra por isso revestido de toda a modalidade da existência.
3.       A consciência encontra a si mesma como este singular imutável.
O Primeiro é para a consciência apenas a essência alheia que condena a singularidade; e enquanto o segundo imutável é a uma figura da singularidade, com a consciência mesma, eis que no terceiro imutável a consciência vem-a-ser espírito, tem a alegria de ali se encontrar e se torna consciente de ter reconciliado sua singularidade com o universal.
Este movimento percorre os seguintes momentos:
1.       O Imutável é oposto à singularidade em geral.
2.       O imutável é um singular oposto a outro singular.
3.       O imutável, enfim, é um só com o singular.
Até agora a imutabilidade só surgiu como imutabilidade da consciência que portanto não é a verdadeira, mas ainda está afetada por uma oposição. Ainda não surgiu o imutável tal como é em-se e para-si mesmo; não sabemos pois, como ele 143. se comportará. Até agora o que resultou foi apenas isto: para a consciência, que é aqui nosso objeto, estar determinações indicadas se manifestam no imutável.
Por essa razão, a consciência imutável conserva também em sua própria figuração e caráter e os traços fundamentais do ser-cindido e do ser-para-si, frente à consciência singular. Por tanto, em geral, é apenas um acontecer, para esta consciência, que o imutável adquira a figura da singularidade.
Se no início o conceito simples da consciência cindida se determina por seu empenho em suprassumir  essa consciência enquanto singular para tornar-se consciência imutável, agora seu esforço tem por determinação suprassumir sua relação para com o puro imutável não figurado, e somente se permitir a relação com o imutável figurado.
Agora, para essa consciência, o ser-um do singular com o imutável é essência e objeto; como no conceito, objeto essencial era o imutável abstrato e sem-figura.
144. O movimento no qual a consciência inessencial se esforça por atingir esse ser-um é também um movimento tríplice, conforme a tríplice relação que terá com seu além configurado.
1.       como pura consciência;
2.       como essência singular que se comporta ante a efetividade como desejo e trabalho;
3.       como consciência de seu ser-para-si.
Primeiro, se a consciência inessencial for, pois, considerada como consciência pura, nesse caso o imutável figurado, enquanto é para a consciência pura, parece posto tal como é em si e para si mesmo. Só que o imutável ainda não surgiu como é em si e para si, como já foi dito. Isso de estar na consciência tal como é em si e para si mesmo deveria partir mais dele que da consciência; mas aqui sua presença só ocorre unilateralmente, por meio da consciência. E justamente por isso não é perfeita e verdadeira, mas permanece onerada de imperfeição – ou de uma oposição.
A consciência infeliz, embora não possui tal presença, está ao mesmo tempo acima do puro pensar: seja do puro pensar do estoicismo; seja do puro pensar do cepticismo, que é somente inquieta, e de fato é apenas a singularidade, como contradição sem-consciência e movimento sem-descanso.
A consciência infeliz ultrapassa esses dois momentos: reúne e mantém unidos o puro pensar e a singularidade, porém ainda não se elevou àquele pensar para o qual a singularidade da consciência se reconciliou com o puro pensar mesmo. Está antes neste meio-termo onde o pensar abstrato entra em contato com a singularidade da consciência como singularidade... No entanto, não é para ela que esse seu objeto,o  imutável – que tem para ela essencialmente a figura de singularidade, - é ela mesma. Ela mesa, quer dizer: a singularidade da consciência.
145. Algo mesmo tempo, essa essência é o além inatingível, que foge quando abraçado, ou melhor, já fugiu. Já fugiu, pois de um lado é o imutável que se pensa como singularidade, e assim a consciência nele alcança imediatamente a si mesma, a si mesma, mas como o oposto do imutável. Em vez de captar a essência, apenas a sente, e caiu de volta em si mês; como no ato de atingir não pode manter-se à distância como este oposto, em lugar de atingir a essência só captou a inessencialidade.
146. Antes de tudo, o retorno da alma a si mesma deve tomar-se no sentido de que, para si, a alma tem efetividade enquanto ser singular. Para nós, ou em si, foi a pura alma que se encontrou, e em si mesma se saciou; pois embora para ela, em seu sentimento, a essência esteja dela separada, este sentimento é, em si, sentimento-de-si. Sentiu o objeto de seu puro sentir, e esse objeto é ela mesma; assim surge aqui como sentimento-de-si ou como algo efetivo para si essente. Para nós, nesse retorno a si mesma, veio-a-ser sua segunda relação, a do desejo e do trabalho, que garante à consciência a certeza interior de si mesma, a qual – para nós – conseguiu mediante o suprassumir e o gozar da essência alheia, isto é: dessa mesma essência sob a forma de coisas independentes.
A consciência infeliz só se encontra como desejosa e trabalhadora.
Para a consciência, a efetividade, contra a qual se voltam o desejo e o trabalho, já não é uma nulidade em si, que ela apenas deva suprassumir e consumir. É uma efetividade cindida em dois pedaços, tal como a própria consciência: só por um lado é em si nula; mas pelo outro é um mundo consagrado, a figura do imutável. Com efeito, esse assumiu em si a singularidade, e por ser universal enquanto é imutável, em geral sua singularidade tem significação de toda efetividade.
147. A consciência surge ( aqui  igualmente ) como algo efetivo, mas também como cindida interiormente. Essa cisão se apresenta em seu trabalhar e gozar por cindir-se em uma relação para com a efetividade ou o ser-para-si – e em um ser-em-si.
Em seu agir, a consciência está inicialmente na relação entre dois extremos: mantém-se, de um lado, como o aquém ativo, e frente a ela está a efetividade passiva. Ambos e relação recíproca, mas ambos retrotraidos para dentro do imutável e fixados em si. Dos dois lados se desprende mutuamente a superfície apenas, que entra no jogo do movimento.
O extremo da efetividade é suprassumido mediante o extremo ativo. Mas, por seu lado, a efetividade só pode ser suprassumida porque sua essência imutável a suprassume; se repele de si, e abandona à atividade o que repeliu. A força ativa se manifesta como a potência em que a efetividade se dissolve; mas já que para essa consciência o Em-si ou a essência é outro que ela, essa potência – sob a forma da qual emerge para a atividade – é para ela o além de si mesma.
Assim, em vez de tornar a si mesma a partir de seu agir, e de se ter comprovado para si mesma, a consciência antes reflete de volta esse movimento do agir no outro extremo, que por isso é apresentado como puro universal, como a potencia absoluta da qual procede o movimento para todos os lados; e que é, tanto a essência dos extremos que se rompem – como inicialmente aparecem – quanto a essência da mudança mesma.
148. Embora a consciência renuncie na aparência à satisfação de seu sentimento-de-si, ela assim mesmo alcança a satisfação efetiva desse sentimento; pois ela foi desejo, trabalho e gozo, e como consciência ela quis, agiu e gozou.
O movimento completo se reflete pois no extremo da singularidade; não somente o efetivo desejar, trabalhar e gozar, mas até mesmo no dar graças – em que parece acontecer o contrário.
A consciência se sente í como este singular que não se deixa iludir pela aparência da renuncia, pois sua verdade PE que a consciência não renunciou a si. O que se efetuou foi apenas a dupla reflexão dos dois extremos, e o resultado é a ruptura reiterada na consciência oposta do imutável, e na consciência e dos momentos que a defrontam, do querer, do implementar, do gozar, e da própria renuncia a si mesma; ou seja, na consciência da singularidade para-si-essente, em geral.
Na primeira relação era somente o conceito da consciência efetiva, ou a alma interior, que ainda não era efetiva no agir e no gozo. A segunda relação é essa efetivação como agir e gozar exteriores; mas a consciência que retorna dessa posição é uma consciência que se experimentou como efetiva e efetivante: uma consciência para a qual em si e para si é verdadeiro. A terceira relação surge da segunda, como uma consciência tal que em verdade se comprovou como independente em seu querer e implementar.
149. Essa terceira relação, na qual essa verdadeira efetividade constitui um dos extremos, é a relação dela – enquanto nulidade, com a essência universal.
A relação mediata constitui a essência do movimento negativo, no qual a consciência se dirige contra a sua singularidade que, no entanto, como relação em si PE positiva, e vai produzir para essa consciência mesma sua unidade.
Por isso, essa relação mediata é um silogismo, em que a singularidade – inicialmente fixada como oposta ao em-si só mediante um terceiro termo é concluída com esse outro extremo.
150. Esse meio termo é uma essência consciente pois é um agir que mediatiza a consciência enquanto tal; o conteúdo desse agir é o aniquilamento – que a consciência empreende – de sua singularidade.
Assim, nesse meio-termo, a consciência se liberta do agir e do gozo como seus. Repele de si, como extremo para-si-essente, a essência do seu querer, e lança sobre o meio termo, ou o ministro, a peculiaridade e a liberdade da decisão, e, com isso, a culpa de seu agir. Esse mediador, enquanto está em relação imediata com a essência imutável, desempenha seu ministério aconselhando sobre o que é justo.
A ação, enquanto é seguimento de uma decisão alheia, deixa de ser própria, segundo o lado do agir ou do querer. Mas resta ainda à consciência inessencial o lado objetivo da ação, a saber: o fruto de seu trabalho e o gozo. Assim, repele de si isso também; e como renuncia à vontade própria, renuncia igualmente à efetividade conseguida no trabalho e no gozo.
Através destes momentos – do renunciar à própria decisão, e depois à propriedade e ao gozo, e, enfim através do movimento positivo em que a consciência se põe a fazer algo que não compreende – ela se priva, em verdade e cabalmente da consciência da liberdade interior e exterior, e da efetividade como seu ser-para-si. Tem a certeza de se ter extrusado verdadeiramente de seu Eu, e de ter feito de sua consciência-de-si imediata uma coisa, um ser objetivo.
151. Renunciar à vontade própria, só por um lado é negativo: segundo seu conceito, ou em si. Mas ao mesmo tempo, é positivo, quer dizer: é pôr a vontade como um Outro, e, determinadamente, pôr a vontade como um não singular, e sim como um universal.
Para essa consciência, o significado positivo da vontade singular negativamente posta é a vontade de outro extremo; que, justamente por ser um Outro para ela, não vem-a-ser através de si, mas por meio de um terceiro: do mediador como conselho.

152. Certeza e verdade da razão

No pensamento que captou – de que a consciência singular é em si a essência absoluta -, a consciência retorna a si mesma. Para a consciência infeliz o ser-em-si é o além dela mesma. Porém seu movimento nela implementou isto: a singularidade em seu completo desenvolvimento, ou a singularidade que é a consciência efetiva, como o negativo de si mês; quer dizer, como um Extremo objetivo. Em outras palavras: arrancou de si seu ser-para-si e fez dele um ser.
Nesse processo veio-a-ser também para a consciência sua unidade com esse universal. Unidade que para nós não incide mais fora dela – já que o singular suprassumido é o universal. E como a consciência se conserva a si mesma em sua negatividade, essa unidade constitui na consciência como tal a sua essência.
No silogismo em que os extremos se apresentam como absolutamente segregados um do outro, sua verdade é o que aparece como meio-termo – anunciando à consciência imutável que o singular fez renúncia de si, e anunciando ao singular que o imutável já não é extremo para ele, pois com ele se reconciliou. Esse meio termo é a unidade que sabe imediatamente os dois extremos e os põe em relação mútua, e que é a consciência dessa unidade; que enuncia à consciência – e portanto a si mesma - , a certeza de ser toda a verdade.
Porque a consciência-de-si é razão, sua atitude, até agora negativa frente ao ser-outro, se converte numa atitude positiva.
153. Antes não entendia o mundo: só o desejava e trabalhava. Retirava-se dele recolhendo-se a si mesma, e o abolia para si, e a si mesma abolia como consciência: como consciência desse mundo enquanto essência e também como consciência de sua nulidade.
Só agora – depois que perdeu o sepulcro de sua verdade e que aboliu a abolição de sua efetividade, e quando para ela a singularidade da consciência é em si a essência absoluta – descobre o mundo como seu novo mundo efetivo... A consciência tem a certeza de que só a si experimenta no mundo.
O Eu é objeto: o objeto único, é toda realidade e presença.
A consciência-de-si não é toda a realidade somente para si, mas também em si, porque se torna essa realidade, ou antes, porque se demonstra como tal. Assim se demonstra através do caminho, no curso do qual o ser-outro, como em si desvanece pra a consciência: primeiro, no movimento dialético do visar, do perceber e do entendimento. Demonstra-se depois, no movimento através da independente da consciência, na dominação e escravidão, através do pensamento da liberdade [do estoicismo) , da libertação céptica e da luta de libertação       154. absoluta da consciência cindida em si mesma; movimento que o ser-Outro desvanece para a consciência enquanto é somente para ela.
Dois lados se apresenta, um depois do outro: num a essência, ou verdadeiro, tinha para a consciência a determinidade do ser; no outro a determinidade de ser só para ela. Mas ambos os lados se reduziram a uma verdade (única), a saber: o que é – ou o Em-si – somente é, enquanto é para a consciência; e o que é para ela, é também em si.
O idealismo (...) enuncia uma certeza imediata, contar a qual se mantêm firmes outras certezas imediatas, mas que foram perdidas neste caminho. E portanto com igual direito que ao lado da asserção daquela certeza tomam também lugar as asserções dessas outras certezas. A razão apela para a consciência-de-si de cada consciência: Eu sou Eu; o Eu é meu objeto e minha essência.
Há para mim um Outro; um Ouro que Eu é para mim objeto e essência; quando Eu sou para mim objeto e essência, sou isso apenas enquanto Eu me retiro do Outro, em geral, e tomo lugar ao lado dele como uma efetividade.
Somente quando a razão surge  como reflexão a partir dessa certeza oposta é que surge sua afirmação de si, não mais apenas como certeza e asserção, mas como verdade; e não ao lado de outras verdades, mas como a única verdade. O imediato surgir da verdade é a abstração de seu ser-presente, cuja essência e ser-em-si é o conceito absoluto – quer dizer, o movimento de seu ser-que veio-a-ser.
155. Essa categoria ou essa unidade simples da consciência-de-si e do ser tem contudo em si a diferença, pois sua essência é precisamente isto: ser imediatamente igual a si mesma no ser-Outro, ou na diferença absoluta.  Portanto, a diferença é; mas perfeitamente transparente, e como uma diferença que ao mesmo tempo não é nenhuma diferença. A diferença apresenta-se como uma multiplicidade de categorias.
A diferença tem seu princípio no puro Eu, no puro entendimento mesmo. Desse modo, com isso se admite que a       156. imediatez, o asseverar, e o encontrar são abandonados, e que o  conceber principia.
As múltiplas categorias são espécies da categoria pura – o que significa: ela é ainda seu gênero ou essência, e não se lhes opõe.
Mas elas já são algo ambíguo, que na sua multiplicidade têm ao mesmo tempo em si o ser-outro, em oposição à categoria pura; e a unidade pura deve suprassumir em si tal multiplicidade, constituindo-se desse modo em unidade negativa das diferenças.
Porém, como unidade negativa, exclui de si tanto as diferenças como tais, quanto essa primeira unidade pura e imediata como tal; é a singularidade, uma nova categoria que é consciência excludente, quer dizer, a consciência para a qual há um Outro. A singularidade é sua própria passagem, de seu conceito a uma realidade exterior; é o esquema puro, que tanto é consciência como, por isso mesmo – enquanto singularidade e Uno excludente -, é o aludir a um outro.
No entanto esse outro de tal categoria são apenas as outras primeiras categorias, a saber: a essencialidade pura e a diferença pura; e nessa categoria – isto é, precisamente no Ser-posto do Outro – ou nesse Outro mesmo, a consciência é igualmente ela mesma. Cada um desses momentos diversos remete a um outro, mas ao mesmo tempo sem que neles chegue a nenhum ser-outro... uma unidade que é remetida a um outro; o qual, quando é, já desvaneceu, e quando desvaneceu, é de novo produzido.
157. A consciência ora é em si um buscar que vai e vem, enquanto seu objeto é o puro Em-si e essência, ora é para si categoria simples, enquanto o objeto é o movimento das diferenças.
A consciência como essência é esse curso mesmo em sua totalidade: curso que consiste em sair de si como categoria simples, passando á simplicidade e ao objeto, e nele contemplar esse curso; suprassumir o objeto como distinto para apropriar-se dele, e proclamar-se como certeza de ser toda a realidade: a certeza de ser tanto ela mesma como também seu objeto.
Quando a razão é toda a realidade, no sentido do Meu abstrato, e quando o Outro lhe é um Estranho indiferente, então se põe justamente, por parte da razão, esse saber de um Outro; que já se apresentou como o visar da certeza sensível, como o perceber e como o entendimento acolhendo o visado e o percebido. Tal saber é ao mesmo tempo afirmado como sendo um saber  não-verdadeiro por meio do conceito desse próprio idealismo, uma vez que a unidade da apercepção é a verdade do saber.
Esse idealismo cai em (tal) contradição porque a forma como verdadeiro o conceito abstrato da razão. Por isso a realidade lhe surge imediatamente como algo tal que não é a realidade da razão; quando a razão deveria ser toda a realidade. Permanece (a razão) um buscar irrequieto, que no próprio buscar declara pura e simplesmente impossível a satisfação do encontrar

A razão Observadora

Essa consciência, para a qual o ser tem a significação de seu, nós a vemos agora adentrar-se de novo no visar e no perceber: mas não como na certeza de um que apenas é Outro, e sim com a certeza de ser esse Outro mesmo... A razão, pois, parte pra conhecer a verdade; para encontrar como conceito o que era uma coisa para o visar e o perceber, isto é, para ter na coisidade somente a consciência de si mesma.
159. A consciência observar; que dizer, a razão quer encontrar-se e possuir-se como objeto essente, como modo efetivo, sensivelmente presente.
160. Como consciência observadora vai às coisas visando tomá-las em verdade como coisas sensíveis, opostas ao Eu; só que o seu agir efetivo contradiz tal visão, pois a razão conhece as coisas, transforma seu ser sensível em conceitos, que dizer, justamente em um ser que é ao mesmo tempo um Eu. Transforma assim o pensar em um pensar essente, ou o ser em um ser pensado; e afirma de fato que as coisa só têm verdade como conceitos. Para essa consciência observadora, somente resulta nesse processo o que as coisas são; mas para nós o que é a consciência mesma. O resultado de seu movimento é, pois que a consciência vem-a-ser, para si mesma, o que é em si.
Temos a considerar o agir da razão observadora nos momentos der seu movimento; como ela apreende a natureza, o espírito e, enfim, a relação de ambos em forma de ser sensível; e como se busca enquanto efetividade essente.

A Observação da Natureza

O objeto do sentir já está de fato determinado para a consciência, essencialmente; e para ela essa determinação do objeto vale pelo menos tanto como esse sentir... O percebido deve ter pelo menos significação de um universal, e não de um isto sensível.
De início, esse universal é apenas o-que-permanece igual a si: seu movimento é somente a reiteração uniforme do mesmo agir. A consciência, na medida em que só encontra no objeto a universalidade ou Meu abstrato, deve tomar seu entendimento mesmo, deve pelo menos ser sua recordação – a qual exprime de maneira universal o que na efetividade só está presente de maneira singular.
161. Esse superficial extirpar-se do sensível para fora da singularidade, e a forma igualmente superficial da universalidade em que o sensível é apenas acolhido, sem se ter tornado em si mesmo algo universal, é o descrever das coisas, que não tem ainda o movimento no objeto mesmo; esse movimento está, antes, no ato de descrever.
Embora esse buscar e descrever aparentemente só diga respeito às coisas, vemos que de fato não procede segundo o curso da percepção sensível. Ao contrário: aquilo pelo qual as coisas são conhecidas é mais relevante para a descrição que o conjunto restante das propriedades sensíveis. De certo, a própria coisa não pode delas prescindir; porém a consciência se desembaraça delas.
162. De um lado, os sinais característicos devem servir só ao conhecer, para distinguir, por meio delas, as coisas umas das outras. Mas, de outro lado, o que deve ser conhecido não é o inessencial das coisas, mas aquilo através do qual as próprias coisas se arrancam da continuidade universal do ser em geral, se separam do Outro e são para si. Os sinais característicos não devem só ter uma relação essencial com o conhecer, mas também devem ser as determinidades essenciais das coisas: o sistema artificial deve ser conforme o sistema da própria natureza, e exprimir unicamente esse sistema.
163. Se agora, por um lado, a determinidade triunfa sobre o universal no qual tem sua essência, por outro, o universal conserva também o seu domínio sobre ela; leva a determinidade a seus limites, e ali mistura suas diferenças e essencialidades. O observar que as mantinha ordenadamente separadas, e acreditava ter nelas algo de fixo, vê que sobre um princípio cavalgam os outros; que se formam transições e confusões; que está unido o que de inicio tinha por simplesmente separado, e separado o que julgava unido.
Quando o instinto-da-razão chega à determinidade conforma sua natureza, que consiste essencialmente em não ser para si, mas em passar a seu oposto, então vai em busca  da lei e do conceito da determinidade: procura-os, de certo, como efetividade essente. No entanto, essa determinidade desvanecerá, de fato, para o instinto-da-razão; e os lados da lei se tornarão puros momentos ou abstrações, de tal modo que a lei virá à luz na natureza do conceito, que tinha     164. destruído em si o subsistir indiferente da efetividade sensível.
Para a consciência observadora a verdade da lei não está em si e para si mesma; está na experiência, como no modo em que o ser sensível é para ela.
Mas se a lei não tem sua verdade no conceito, então é algo contingente, não é uma necessidade; ou, de fato, não é uma lei.
A razão é justamente essa certeza de possuir a realidade; e o que não é para a consciência como uma “auto-essência“, isto é, o que não se manifesta é para ela absolutamente nada.
A consciência não exige que se faça prova com todas as pedras para afirmar que as pedras, ao serem levantadas da terra 165. e soltas, caem. Talvez siga que, pelo menos, se deve ter experimentado com um bom número de pedras, e então se poderá concluir quanto às restantes por analogia, com a maior probabilidade, ou com pleno direito. Só que a analogia não dá nenhum pleno direito; mas ainda por sua própria natureza se contradiz com tanta freqüência que pela analogia mesma se há de concluir que a analogia não permite fazer conclusão nenhuma.
Porque a lei é ao mesmo tempo, em si, conceito, o instinto da razão necessariamente, mas sem saber que é isso que quer, procede a purificar, em direção ao conceito, a lei e seus momentos. Organiza experimentos a respeito da lei. A lei, logo que aparece, apresenta-se impura, envolta no ser sensível singular; e o conceito, que constitui a natureza da lei, submerso na matéria empírica. O instinto-da-razão em seus experimentos trata de descobrir o que ocorre em tais ou tais circunstâncias. Parece assim a lei ainda mais imersa no ser sensível, mas pelo contrário, o ser sensível é que se perde nesse processo.
Esse experimento tem a significação intrínseca de encontrar as condições puras da lei; e isto não quer dizer outra coisa- embora a consciência, que assim se exprime, acredite estar dizendo algo diverso – a não ser elevar a lei plenamente à 166. forma do conceito, e eliminar toda a aderência de seus momentos ao ser determinado.
Por exemplo:... A relação entre ácido e base, e seu movimento recíproco, constituem uma lei em que essas oposições se manifestam como corpos. No entanto, essas coisas separadas não têm efetividade nenhuma.
 A matéria não é uma coisa essente, mas e o ser como universal, ou seja, o ser no modo do conceito. A razão que ainda é instinto estabelece essa diferença correta sem ter consciência de que, por experimentar a lei em todo o ser sensível, suprassume justo por isso o ser somente sensível da lei; nem de que ao compreender os momentos da lei como “matérias”, sua essencialidade tornou-se então um universal, e nessa expressão é enunciada como um Sensível não sensível, como um ser incorpóreo e ainda assim objetivo.
167. O que é em verdade resultado e essência, surge agora para essa consciência mesma, mas como objeto. Na verdade, surge como uma espécie particular de objeto, enquanto justamente para a consciência esse objeto não é resultado, e não tem relação com o momento precedente; e a relação da consciência para com ele surge como um outro tipo de observar.
Um objeto, que tem em si o processo na simplicidade do conceito, é o orgânico. É ele essa absoluta fluidez em que se dissolve a determinidade através da qual seria somente para  outro. A coisa inorgânica tem a determinidade como sua essência, e por esse motivo só junto com outra coisa constitui plenidade dos momentos do conceito; e portanto se perde ao entrar em movimento. Ao contrário, na essência orgânica todas as determinidade, mediante as quais está aberta para outro, estão reunidas sob a unidade orgânica simples. Nenhuma delas, que se relacione livremente com outro, emerge como essencial; e por isso em sua relação mesma, o orgânico se conserva.
Neste ponto, o instinto-da-razão se aplica à observação dos lados da lei, que são em primeiro lugar, como decorre da determinação acima, a natureza orgânica e a inorgânica em sua relação mútua. A inorgânica é justamente para a orgânica, a liberdade das determinidades destacadas, que se opõe ao conceito simples da natureza orgânica. Dissolve-se nessas determinidades a natureza individual que ao mesmo tempo se separa de sua continuidade e é para si.
Ar, água, terra, zonas e climas são esses elementos universais que constituem a essência simples indeterminada das individualidades, que nesses elementos estão igualmente refletidas. Nem a individualidade é pura  e simplesmente em si e para si, nem tampouco os elementos. Ao contrário: na liberdade independente, em que surgem para a observação um frente ao outro, comportam-se ao mesmo tempo como relações essenciais; porém de tal modo que a independência e a indiferença recíprocas são o predominante; e que só parcialmente se tornam abstrações.
168. No conceito de base está o conceito de ácido, como no conceito de eletricidade positiva, o de eletricidade negativa. Mas, embora seja possível justapor o pêlo espesso com as regiões nórdicas, a estrutura dos peixes com a água, a das aves com o ar, contudo no conceito de região nórdica não está o conceito de pelagem espessa, no conceito de mar não está o da estrutura dos peixes, e no conceito de ar, o das estruturas das aves. Em virtude dessa liberdade de termos, um em relação ao outro, há também animais terrestres que têm os caracteres essenciais de uma ave, de um peixe, etc. A necessidade, porque não pode ser conceitua como necessidade interior da essência, deixa também de possuir um ser-aí-sensível , e não pode ser mais observada na efetividade, pois migrou para fora dela. Desse modo não se encontra na própria essência real, mas PE o que se chama relação teleológica; relação, que, sendo extrínseca aos termos relacionados, é por isso, antes, o contrário de uma lei. É o pensamento totalmente liberto da natureza necessária, que a abandona e se move para si mesmo acima dela.
169. O orgânico não produz algo, mas somente se conserva; ou seja, o que é produzido, tanto já esta presente, como está sendo produzido.
O conceito-de-fim, ao qual se eleva a razão observadora, tanto é para ela conceito consciente, como está presente enquanto algo efetivo: para ela, não é uma relação exterior apenas, e sim sua essência. Esse efetivo, - que por sua vez é um fim – refere-se segundo uma finalidade a outra coisa. Isso quer dizer que sua relação é uma relação contingente – segundo o que os dois são de modo imediato, pois são ambos independentes e indiferentes em sua relação recíproca. No entanto, a essência de sua relação é algo outro do que aparenta ser; e seu agir tem um sentido diverso do que é imediatamente para o perceber sensível.
A necessidade está escondida no que acontece, e só no fim se manifesta; mas de tal maneira que o fim mostra justamente que essa necessidade era também o primeiro... O primeiro se mostra exatamente como sendo algo tal que tem a si mesmo por seu fim; assim, como primeiro já retornou a si, ou é em si e para si mesmo.  É a si mesmo que alcança através do movimento do seu agir. Está presente a diferença entre o que ele é e o que ele busca, mas é só
170. a aparência de uma diferença; por isso é, em si mesmo, conceito.
Como o instinto do animal busca e consome o alimento – mas com isso nada produz diferente de si – assim também o instinto da razão em seu buscar só a si mesmo encontra. Sua satisfação é cindida por isso: na verdade, encontra-se a si mesmo – a saber, o fim – igualmente encontra esse fim como coisa.
Examinando de perto vemos que reside igualmente no conceito da coisa essa determinação de que ela é fim em si mesma. Cm efeito, a coisa se conserva: isso significa que sua natureza consiste, ao mesmo tempo, em ocultar a necessidade e em apresentá-la sob a forma de uma relação contingente. É que sua liberdade, ou seu ser-para-si, consiste precisamente em comoportar0se para com seu necessário como se ele fosse um indiferente. Desse modo, a coisa se apresenta como algo cujo conceito incidisse fora do seu ser.
171. O que cabe ao orgânico mesmo é o agir, que permeia entre seu primeiro e seu ultimo momento, quanto esse agir tem nele o caráter da singularidade. Mas o agir, enquanto tem o caráter da universalidade, não compete ao orgânico – esse agir em que o próprio agente é posto como igual ao que é produzido por ele, ou o agir enquanto conforme a um fim.

O ser, cuja operosidade aqui se examina, é posto como uma coisa que se conserva em sua relação com o seu oposto. A atividade, como tal, é apenas a pura forma, carente de essência de seu ser-para-si. Não incide fora dela sua substancia, que é o ser simplesmente determinado, mas o universal, ou seja, o seu fim.

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