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Mostrando postagens de abril, 2017

Pequeno Resumo - Marx - Ideologia Alemã - Alguns ponto importantes

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Para Hegel, o sujeito da história é a razão universal e os homens, suas consciências, o meio através do qual a razão se manifesta e realiza seu objetivo final, que é a liberdade. A liberdade se torna possível mediante a figura do Estado; o Estado é a realização da liberdade. Os conceitos, as idéias dominantes de cada época são os estágios da consciência na descoberta e realização de si.  Para Marx acontece o inverso. Como é possível perceber no trecho que segue, os homens produzem a sua realidade, ainda que não compreendam exatamente como e em que direção. É através de sua realidade material, de suas necessidades para a existência, do modo de produção em que satisfazem essas necessidades e os condicionamentos sociais a que estão sujeitos independentemente de sua vontade, de que se deve partir para compreender o curso da história. p. 93 -94 – Ideologia Alemã. “ O fato é, portanto, o seguinte: indivíduos determinados ( em determinadas relações de produção), que são ativo

Quentin Skinner - O Príncipe de Maquiavel e a “arte” de governar

O Príncipe de Maquiavel e a “arte” de governar Na sua célebre obra, O Príncipe, Maquiavel pretendia, sobretudo, ensinar como manter um Estado. As armas e os homens são os dois grandes temas sobre os quais o autor desenvolve seus argumentos e conselhos. (p. 57) É o que mostra Quentin Skinner em O Conselheiro dos Príncipes. Como deixa explícito em sua dedicatória, o Maquiavel almejava oferecer aos Medici, família que havia conquistado o poder de Florença, uma prova de sua lealdade e ajudá-los a manter o novo principado. Para isso escreveu, principalmente, conselhos para um principado novo e procurou deixar claro que era um homem um grande conhecedor no assunto. Para justificar seu foco em principados novos,  argumenta que os governos hereditários enfrentariam menos dificuldades e, por isso, precisariam menos de seus conselhos (p. 42). Ele enfatiza que o principado que necessita de conselhos mais urgentes por parte e um especialista são os que chegaram ao poder através da Fort

As formas elementares da vida religiosa - Durkheim

Na obra Formas Elementares da Vida Religiosa, o sociólogo Émile Durkheim busca entender e explicar a realidade atual e parte das formas religiosas mais antigas, das tribos totêmicas australianas, pois entende que elas são as mais adequadas para fazer entender a “natureza religiosa” do homem; um “aspecto essencial e permanente da humanidade”. (p. IV) Durkheim considera que não existem religiões falsas ou inferiores. Todas elas possuem a mesma função e correspondem, mesmo que de forma diversa à própria existência social dos homens. Quer examinar, portanto, o que é a religião de uma maneira geral, não de maneira dialética, sem limitar-se a analisar a idéia que fazemos da religião e sem comparar as religiões já complexificadas, buscando representações fundamentais; pois é muito difícil distinguir nestas religiões o “secundário do principal e o essencial do acessório”. (p. X) Em sociedades em que há menor desenvolvimento de reflexões individuais, menor quantidade de pessoas, isto é, pr

Cap 17. Algumas formas primitivas de classificação - Durkheim e Mauss

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Cap 17. Algumas formas primitivas de classificação - Conhecido como o pai da sociologia, Émile Durkheim tinha como preocupação criar uma nova ciência, aos moldes das ciências naturais, mas com um método específico que respeitasse as peculiaridades de seu objeto. Bastante influenciado pelo positivismo comteano, o autor acreditava ser possível apreender os fenômenos sociais de maneira objetiva, através de dados empíricos. Para isso teve como pretensão estudar a sociedade externamente, como “coisa”, pois via na sociedade uma entidade sui generis, que possui sua própria natureza, não se tratando de uma mera soma de indivíduos. Ele estudou o social pelo social, isto é, tentou entender a sociedade partindo da própria sociedade, além de, partindo do mais simples, explicar os fenômenos mais complexos. Em sua obra Formas Elementares da Vida Religiosa , por exemplo, ele busca entender no totemismo, a forma religiosa mais antiga e simples, as causas possíveis dos fenômenos que ocorrem na

Dois conceitos de liberdade – Isaiah Belin

Dois conceitos de liberdade – Isaiah Belin Resenhado por Mariana Donati Valle  Os estudos sobre teoria política e social nascem e prosperam na discórdia. É o que diz Isaiah Berlin ao se debruçar sobre os conceitos de liberdade “positiva” e “negativa”. Na introdução de Dois conceitos de liberdade o autor anuncia sua proposta de reflexão sobre o poder das idéias e o entrelaçamento indissolúvel da política com outras formas de investigação filosófica, alertando para as crenças políticas primitivas e irrefletidas. Além disso pretende nos fazer refletir sobre a importância de compreendermos as questões dominantes de nosso mundo, em especial “ a maior dessas questões”: a guerra aberta entre dois sistemas de idéias que tentam responder à questão central da política – a questão da obediência e da coerção – de maneira oposta e conflitante. A liberdade é elogiada por quase todo moralista da história, porém este termo possui muitos sentidos ao longo da história e o autor se detém a apenas

As Estruturas Elementares do Parentesco - Lévi Strauss

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As Estruturas Elementares do Parentesco - Lévi Strauss     O antropologo francês Lévi Strauss não se limitou a tentar entender o que estava dado no mundo empiricamente, ele acreditava haver uma lógica formal por trás das estruturas de parentesco e no estudo apresentado aqui, busca a lógica que orienta as diversas regras de casamento entre os povos "primitivos". Para isso parte da proibição do incesto, de caráter ambíguo e "pré-social", não pretendendo encontrar sua explicação nas "configurações históricas", mas nas "causas profundas e onipresentes que fazem com que, em todas as sociedades e em todas as épocas, exista uma regulamentação das relações entre os sexos " (p. 61). No capítulo I, Natureza e Cultura, o autor aborda as diversas lacunas e inconsistências dos conceitos de Natureza e Cultura e as dificuldade na tentativa de estabelecer um limite definido entre eles, isto é, não há "significação histórica aceitável" para

Resenha - “O partido como parte”, in: SARTORI, G. (1976). Partidos e sistemas partidários.

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“O partido como parte”, in: SARTORI, G. (1976). Partidos e sistemas partidários. Resenhado por Mariana Donati Valle O cientista político italiano Giovanni Sartori, no capítulo intitulado “O partido como parte” da obra Partidos e Sistemas Partidários (1976), demonstra historicamente como os partidos foram uma consequência não planejada de um processo político complexo que culminou no sistema partidário como o conhecemos hoje. Para isso mostra de que forma o conceito de partido foi pouco a pouco se distanciando da palavra sempre pejorativa facção, ao passo que um processo paralelo ocorria de maneira mais lenta e complicada da intolerância para a tolerância, desta para a dissensão e da dissensão para uma visão positiva da diversidade. (nota 44) Sartori faz uma distinção etimológica inicial entre as palavras facção: palavra latina que possui relação com a idéia de “fazer danoso”, de perturbação à ordem; e partido: palavra também latina, do verbo partir, dividir. A palavra “partid

Da liberdade dos antigos comparada a dos modernos – Benjamin Constant - Fichamento

Fichamento – Da liberdade dos antigos comparada a dos modernos – Benjamin Constant Neste texto, o político francês Benjamin Constant se propõe a apresentar algumas distinções entre a liberdade política dos antigos e a liberdade individual dos modernos e busca combater o erro do abade de Mably, seguidor de Rousseau, que exaltou a liberdade política, em detrimento da liberdade individual.. Na Antiguidade: Não havia governo representativo como o entendemos hoje. A exemplo de Roma, o povo exercia diretamente uma grande parte dos direitos políticos, havendo fracos traços do sistema representativo.  De forma geral, o exercício da soberania era feito coletiva e diretamente. O povo deliberava em praça pública sobre a guerra e a paz, votavam leis, pronunciavam julgamentos, examinavam as contas, os atos e a gestão dos magistrados. Além disso, “as leis regulamentavam os costumes e, como tudo dependia dos costumes, não havia nada que as leis não regulamentassem” (p. 11). Portanto, o