A Filosofia da História - Hegel Cap 1, 2 e 4 da quarta parte



História

Hegel começa a definir o que é história por uma definição que não é a sua. Podemos dizer, por hora, uma definição ainda incompleta.
            O primeiro tipo de história que traz ao seu texto é a História Original. Nela, a experiência é traduzida na representação, o que significa dizer que o fato domina a representação, ou seja, “(...) o fenômeno exterior é assim traduzido na representação interior” (p. 11).
Tais historiadores originais traduzem os acontecimentos, feitos e situações que lhe são observáveis em uma obra da imaginação.Por isso, o conteúdo de tais histórias não pode ser de grande abrangência externa, o que está presente e vivo em seu ambiente é seu material essencial: a formação do autor e do acontecimento que ele cria para sua obra, o espírito do autor e das ações que ele relata, são idênticos. Ele descreve aquilo do que participa – ou pelo menos vivencia. São épocas breves, criações individuais de pessoas e acontecimentos (p. 12).
Nesses discursos, essas pessoas exprimem as máximas de seu povo e de sua própria personalidade, a consciência de seus relacionamentos políticos, como sua natureza ética e moral, os princípios de suas metas e atos. O que o historiador faz falar não é a consciência emprestada, mas o próprio caráter do orador (p. 12).
O segundo tipo de história que Hegel apresentará é o que ele chama de História Refletida. O aspecto geral desse tipo é que há nela uma mediação, algo que é posto na narrativa pela subjetividade do historiador. Há ainda aspectos particulares, o que leva Hegel a dividir a História Refletida em quatro.São elas:
a.       História geral: Uma história deste gênero, que pretende englobar longos períodos ou toda a história universal, precisa abdicar, de fato, da apresentação individual da realidade e reduzir-se a abstrações. Uma batalha, uma grande vitória, um bloqueio não são mais eles próprios; são agrupados em simples determinações (p. 14).
b.      História pragmática: Os acontecimentos são diversos; entretanto, o geral, o essencial, o conteúdo é único. Isso anula o passado e torna o acontecimento presente. Aqui devem ser ressaltados, principalmente, o ensino moral e as reflexões morais, auferidos pela história. Dessa maneira, o passado é significado para o presente (p. 14).
c.       História crítica: Não é a história em si, mas uma história da história, um julgamento das narrativas históricas e uma investigação de sua verdade e credibilidade. Nesse tipo de história, o historiador coloca as ideias subjetivas no lugar dos fatos (p. 15 – 16).
d.      História Conceitual:Apesar de empregar abstrações, constitui uma transição para a história universal filosófica, já que assume um ponto de vista geral ( por exemplo:  Historia da arte, do direito, da religião ) – reflete a alma interior que dirige os acontecimentos. A idéia é o que conduz os povos e o mundo é o espírito, sua vontade mais racional e mais necessária, que dirigiu e dirige os acontecimentos mundiais (p. 16).
Hegel descreve esses tipos de narrativas dos acontecimentos e ações no sentido de dizer que essas maneiras de apresentar a história não são e são história, pois o autor entende que há “(...) um fio condutor (...) uma alma interior que dirige os acontecimentos e ações” (p. 16).
Nesse sentido, entendemos que esses tipos de narrativas de acontecimentos e ações são história, pois revelam aspectos dessa alma interior, mas não são a história filosófica, pois falta a elesevidenciar o movimento da ideia como produtor da história universal. Por isso Hegel afirma: “(...) a filosofia da história nada mais significa do que a sua observação refletida” (p. 16).
O que Hegel parece pretender com sua Filosofia da História é refutar a separação entre matéria e forma, entre o concreto e o universal, ou a história como um conjunto de acontecimentos e ações e a filosofia como especulação independente dos fatos.Isso porque, em Hegel, não há a separação entre objetivo e subjetivo, há a unidade como universalidade, como Espírito. Devemos então proceder com a história como ela é, empiricamente (p. 18) e a filosofia seria essa perspectiva da universalidade como ele demonstrará na argumentação sobre o Estado e o Espírito.
            O estudo da história universal[1] resulta e deve resultar que nela tudo aconteceu racionalmente, que ela foi a marcha racional e necessária do espírito universal (p. 18).Explicar a história significa descobrir as paixões do homem, seu gênio, suas forças atuantes.Somente Sócrates havia dado o primeiro passo para compreender a união do concreto e do universal.Na história universal, lidamos com indivíduos, que formam povos, e com totalidade, que são os Estados. O espírito é aquele que conduz à verdade e conhece todas as coisas, penetrando no âmago da divindade (p. 19 -20).
            Assim, a Filosofia da História é a perspectiva filosófica apresentando as ações e acontecimentos como resultado da Ideia, da “(...)razão, da qual se disse que rege o mundo, é, igualmente, uma palavra tão indeterminada como a Providência; fala-se sempre da razão, mesmo sem poder indicar qual é a sua determinação, o seu conteúdo, segundo quais princípios podemos julgá-la, se algo é racional, se algo é irracional. A razão, compreendida em sua determinação, é o objeto de que tratamos aqui: o restante, se quisermos permanecer ainda na razão, são apenas palavras (...)” (p. 21).


Espírito

Para Hegel, o Espírito é o Absoluto. Por Absoluto se entende aquilo que tem em si mesmo a razão de ser, que é independente de todo o resto, que é livre de constrangimentos e contingências; que é em si e para si. Hegel utiliza como sinônimo de Espírito termos como Razão, Ideia, Deus, Racionalidade; ou seja, Espírito deve ser entendido como o logos do real, e não em um sentido místico.
A história universal situa-se no campo espiritual. O mundo compreende a natureza física e espiritual: a natureza física intervém na história universal, porém, o espírito e o percurso de seu desenvolvimento são o substancial dessa história. (pág. 23)
Hegel indica três questões relacionadas ao Espírito na história universal: determinações abstratas da natureza do espírito; os meios de que precisa o espírito para realizar a sua ideia; ea realização completa do espírito na existência: o Estado. (pág. 23)
1) Os elementos abstratos da natureza do espírito: por determinação abstrata Hegel compreende a natureza do espírito isolada de sua existência concreta, de sua realização na história universal; apenas o geral. Para Hegel, a essência do espírito é a liberdade. A liberdade é a única verdade do espírito. “Concebemos a matéria como pesada, desde que tenda para um ponto central: ela é essencialmente composta, existe de forma particular, procura a sua unidade e, portanto, procura superar-se a si mesma buscando também seu contrário. Se ela o alcançasse, não seria mais matéria, teria desaparecido; ela tende à idealidade, pois na unidade, ela é ideal. O espírito, ao contrário, é exatamente aquilo que contém o ponto central: ele não possui a unidade fora de si, ele a encontrou. Ele é em si mesmo e  por si mesmo. A matéria tem a substância fora de si; o espírito é o ser por si mesmo. E isso é a liberdade, pois quando sou dependente, então relaciono-me a um outro que não sou eu, eu não posso existir sem um exterior; eu sou livre quando estou em mim mesmo. Esse “estar em si mesmo” do espírito é a autoconsciência, a consciência de si mesmo.” (pág. 24)
A determinação abstrata do espírito se representa na história universal “no esforço de elaborar o conhecimento de que ele é em si mesmo.”O espírito já contém, virtualmente, toda a história, assim “como a semente carrega em si toda a natureza da árvore, o sabor e a forma dos frutos”(Pág. 24); mas ele precisa se realizar. A “aplicação do princípio [da liberdade, essência do espírito] aos assuntos do mundo, a atuação e a penetração dele na condição profana, eis o longo processo que constitui a própria história.” Por isso, “a história universal é o progresso na consciência da liberdade.” (pág. 25)
A liberdade em si mesma é o fim que ela tende e a única finalidade do espírito. “Na história universal tudo convergiu para esse objetivo final. É o único fim que se realiza e se cumpre, o único permanente na trama mutável de todos os acontecimentos e circunstancias, bem como a força verdadeiramente atuante. Esse objetivo final é aquilo que Deus quer do mundo, porém Deus é a perfeição, e por isso não pode querer nada além de si mesmo, sua própria vontade. Quanto à natureza de sua vontade, ou seja, a sua própria natureza é o que denominamos aqui de liberdade, apreendendo por meio do pensamento a representação religiosa.” (pág. 25)
2) Os meios da realização de sua ideia: os meios pelo qual a liberdade se produz no mundo nos conduz à manifestações da própria história. A liberdade é o conceito interior. Os meios são, ao contrário, algo exterior, o fenômeno que surge aos olhos, apresentando-se, imediatamente, na história. (pág. 26)
Os elementos abstratos do espírito (a liberdade como essência), ainda são apenas o espírito em si, e, portanto, uma possibilidade. Assim Hegel adverte que “o que denominamos princípio, fim, determinação ou ainda natureza e conceito do espírito é apenas o geral, o abstrato. Princípio, como também fundamento e lei, é algo interior que, como tal, mesmo que nele seja verdadeiro, não o é completamente. Fins, fundamentos, etc. estão em nossos pensamentos, em nossas intenções, mas não na realidade ainda. O que é em si é uma possibilidade, uma capacidade, que de seu interior ainda não atingiu a existência.” (pág. 27)
Para se realizar, a determinação abstrata do espírito necessita de meios: “Tem que advir um segundo momento para realizar-se”. E, por meios, Hegel entende a atividade humana, a necessidade, o instinto, a tendência e a paixão do ser humano:“esse [segundo] momento é a atividade, a realização, cujo princípio é a vontade, a própria atividade humana. Apenas por meio dessa atividade é que esse conceito e as suas próprias determinações serão concretizadas, pois eles não vigoram diretamente por si mesmos.” (pág. 27)
Não há “dissociação” entre objetivo geral (abstrato) do espírito e objetivo particular das paixões humanas, pois “nada de grande acontece no mundo sem paixão”. A atividade humana sempre está empenhada em interesses particulares, de fins especiais ou de intenções egoístas, pois “o indivíduo é um ser que está aí, não como um homem em si, pois esse não existe, mas como um ser determinado”. Hegel relaciona assim interesses particulares e realização do espírito: “São dois os momentos que intervêm no nosso objetivo: o primeiro é a idéia, o segundo, as paixões humanas; um é a urdidura do tecido, o outro, a trama do grande tapete da história universal que se desenrola perante nós. O centro concreto de ambos é a liberdade moral no Estado.” (pág. 28)
E sintetizando essa relação dos meios com os fins, Hegel escreve que “A história universal começa com o objetivo geral de que o conceito do espírito seja satisfeito em si, quer dizer, como natureza; ele é o instinto inconsciente interior mais profundo e todo o trabalho da historia universal é trazê-lo à consciência. Assim, na formação do ser natural, da vontade natural, existe o que foi chamado de lado subjetivo, ou seja, a necessidade, o instinto, a paixão, o interesse particular, tal como a opinião e a representação subjetiva. Essa imensa quantidade de vontade, interesse e atividade constitui os instrumentos e os meios do espírito universal para realizar o seu objetivo, para trazê-lo até a consciência e para concretizá-lo. A finalidade do espírito universal é encontrar-se, voltar-se para si mesmo e encarar-se como realidade.” (pág. 29)
O universal está unido ao individual e subjetivo. Mesmo que não exista consciência, “o universal está nos fins particulares e realiza-se por intermédio deles.” Essa ligação é realizada pela atividade. “A atividade situa-se entre dois extremos: entre o geral, a idéia que repousa no interior do espírito, e a exterioridade, a matéria concreta. A atividade é o intermediário que traduz o geral, o interior, para a objetividade.”
Hegel, para demonstrar a relações entre interesses particulares e gerais, apresenta o exemplo da casa. Em sua construção é utilizado o fogo, o ar e a água; mas o produto final, a casa, tem como objetivo limitar a ação desses elementos. “Da mesma forma, as paixões são satisfeitas guiando a si mesmas e seus objetivos, segundo sua determinação natural, construindo o edifício da sociedade humana, onde essas paixões autorizam o direito e a ordem a atuarem contra si mesmas.” (pág. 31)
As ações humanas constroem na história universal algo além daquilo que intencionava. A concretização de interesses particulares realiza objetivos mais abrangentes, que não era vontade e consciência do autor do ato. “A substância da ação, e consequentemente, o ato em si, volta-se contra aquele que o praticou”. (pág. 32)
Se dá, dessa maneira, a união dos dois extremos, a realização da ideia geral em realidade imediata e a elevação da individualidade à verdade geral.
“Os homens históricos, os indivíduos históricos universais, são aqueles em cujos objetivos reside essa universalidade” (pág. 32), ou seja, o valor geral. “Os grandes homens da história são aqueles cujos fins particulares contêm o substancial que é a vontade o espírito universal”.“Por intermédio deles todos os outros aprenderam, apreciaram ou, pelo menos, a isso se submeteram, pois o espírito que está mais adiante é a alma interior de todos os indivíduos, a interioridade inconsciente que os grandes homens tornam consciente.” (pág. 33)
Hegel finaliza seus apontamentos sobre o entrelaçamento entre interesse particular e universal discorrendo sobre o que chama de astúcia da razão: “O interesse particular da paixão é, portanto, inseparável da participação do universal, pois é também da atividade do particular e de sua negação que resulta o universal.  É o particular que se desgasta em conflitos, sendo em parte destruído. Não é a ideia geral que se expõe ao perigo na oposição e na luta. Ela se mantém intocável e ilesa na retaguarda. A isso se deve chamar astúcia da razão: deixar que as paixões atuem por si mesmas, manifestando-se na realidade, experimentando e sofrendo danos, pois esse é o fenômeno no qual uma parte é nula e a outra afirmativa. O particular geralmente é ínfimo perto do universal, os indivíduos são sacrificados e abandonados. A ideia recompensa o tributo da existência e da transitoriedade, não por ela própria, mas pelas paixões dos indivíduos.” (pág. 35)

Estado

Qual o material no qual o fim absoluto é realizado? Trata-se, inicialmente, do próprio sujeito, das necessidades humanas, da própria subjetividade. No saber e querer humanos, como no material, o racional manifesta-se na existência. Nas palavras de Hegel: “A vontade subjetiva e a paixão são os fatores que atuam, que realizam. A ideia é o interior. O Estado é o que existe, é a vida real é a ética, pois ele é a unidade do querer universal, essencial, e do querer subjetivo – e isso é a moralidade objetiva (...)” (p. 39).
Este todo moral, o Estado, é a realidade na qual o indivíduo tem e desfruta de sua liberdade, como saber, crença e vontade universal. Dessa forma, o Estado é a realização da liberdade, isto é, da finalidade absoluta, é onde a realidade espiritual dos homens se realiza.
A realidade espiritual consiste em que seu ser, o racional, seja objetivo para ele que sabe, que tenha para ele existência objetiva e imediata, só assim o homem é consciência, só assim ele está na eticidade, na vida legal e moral do Estado, pois o verdadeiro é a unidade da vontade universal e subjetiva. No estado o universal está nas leis e determinações gerais e racionais. A lei é a objetividade do espírito e da vontade em sua verdade e só a vontade que obedece a lei é livre, pois ela obedece a si mesa, está em si mesa livremente (p. 40).
Dessa maneira, o Estado é uma abstração que tem a sua própria atividade universal nos cidadãos, mas ele existe de fato, e só por intermédio da vontade e da atividade individual a existência universal se define. Só pela constituição é que o abstrato do Estado se torna vivo e real.O Estado deve ter força e poder como realidade, como unidade individual (p. 43).
Qual a melhor constituição? Por meio de qual diretriz, organização ou mecanismo do poder estatal deve ser alcançado de forma mais segura o fim do Estado?Esse fim pode ser concebido de diversos modos: como um tranquilo fruir da vida burguesa ou como um bem-estar geral. Tais fins produziram as constituições ditas ideais.A determinação da liberdade – que serve de base, mas é tida como abstrata – tem como conseqüência o fato de que, na teoria geralmente a república vale como a constituição única, justa e verídica. Nem mesmo os que ocupam, nas constituições monárquicas, altos cargos da administração estatal contestam tal opinião, afeiçoando-se a ela. Eles admitem, entretanto, que tal constituição não poderia, na realidade, ser introduzida por toda a parte, pois do jeito que os homens são, seria preciso que todos se contentassem com menos liberdade, a tal ponto que a constituição monárquica seria mais útil nessas circunstâncias, segundo a condição moral do povo (p. 43).
E uma constituição é importante a formação de uma situação racional. O Estado é a liberdade racional, que se sabe objetiva e que existe para si mesma.A objetividade da liberdade consiste em que os seus momentos não sejam ideais, mas existam em uma realidade particular.O Estado é a idéia moral exteriorizada na vontade humana e liberdade desta. Por isso, a alteração da história pertence essencialmente a ele (p. 45).
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Fichamento
Página                                            Cap 1 – História Original
11. Se trata de uma transferência para o campo da imagem intelectual. Exemplo – Hérodo, Tucídes e outros historiadores. O fenômeno exterior é traduzido na representação interior.
12. Tais historiadores originais traduzem os acontecimentos, feitos e situações que lhe são observáveis em uma obra de imaginação.
Por isso o conteúdo de tais histórias não pode ser de grande abrangência externa, o que está presente e vivo em seu ambiente é seu material essencial: a formação do autor e do acontecimento que ele cri9a para sua obra, o espírito do autor e das ações que ele relata, são idênticos. Ele descreve aquilo do que participa – ou pelo menos vivencia. São épocas breves, criações individuais de pessoas e acontecimentos. Soa traços irrefletidos, isolados.
Nesses discursos, essas pessoas exprimem as máximas de seu povo e de sua própria personalidade, a consciência de seus relacionamentos políticos, como sua natureza ética e moral, os princípios de suas metas e atos. O que o historiador faz falar não é a consciência emprestada, mas o próprio caráter do orador.
Historia Refletida
13. É a história cuja apresentação ultrapassa o presente, não com relação ao tempo, mas ao espírito.
Tipos
14. História geral: Uma história deste gênero, que pretende englobar longos períodos ou toda a história universal, precisa abdicar, de fato, da apresentação individual da realidade e reduzir-se a abstrações. Uma batalha, uma grande vitória, um bloqueio não são mais eles próprios; são agrupados em simples determinações.
História pragmática: Os acontecimentos são diversos; entretanto, o geral, o essencial, o conteúdo é único. Isso anula o passado e torna o acontecimento presente. Aqui devem ser ressaltados, principalmente, o ensino moral e as reflexões morais, auferidos pela história...  
15. Exemplos do bem enaltecem a alma e devem ser utilizados na formação moral das crianças para lhes incutir o que é excelente. Somente uma observação metódica, livre e abrangente das situações e do profundo sentido da idéia (cita Montesquieu) proporciona autenticidade às reflexões.
História crítica: Não é a história em si, mas uma história da história, um julgamento das narrativas históricas e uma investigação de sua verdade e credibilidade -> dissertações críticas.
16. História Conceitual: Apesar de empregar abstrações, constitui uma transição para a história universal filosófica, já que assume um ponto de vista geral ( por exemplo:  Historia da arte, do direito, da religião ) – reflete a alma interior que dirige os acontecimentos... A idéia é o que conduz os povos e o mundo é o espírito, sua vontade mais racional e mais necessária, que dirigiu e dirige os acontecimentos mundiais.
História Filosófica
A filosofia da história nada mais significa do que sua observação refletida. Na história, o pensar está subordinado ao real existente, tendo-o por fundamento e por guia.
17. A história deve apenas considerar o que é e o que foi, acontecimentos e ações. A história é tanto mais verídica quanto mais se estiver ao dado, o que faz parecer estar em contradição com a atividade filosófica.
A história universal é também um processo racional.
Mediante o conhecimento especulativo comprova-se que a razão, a substância como força infinita, é em si mesma a matéria infinita de toda forma de vida natural e espiritual, e também a forma infinita a realização de seu próprio conteúdo. A substância é, pois, aquilo através do qual e no qual toda realidade tem o seu ser e sua existência... A própria matéria que ele fornece à elaboração e sua própria atividade é ela mesma. Ela se nutre de si mesma.
18. O estudo da história universal resulta e deve resultar que nela tudo aconteceu racionalmente, que ela foi a marcha racional e necessária do espírito universal.
19. Chamo a atenção, desde o início, para essa distinção entre se estabelecer uma definição, um princípio, ou uma verdade de modo meramente abstrato, ou evoluir para uma determinação mais precisa e um desenvolvimento concreto.
Outro ponto é que essa manifestação do pensamento de que a razão governa o mundo, esta ligada a outra aplicação, que conhecemos na forma religiosa: A Providência divina -> sabedoria que, com um poder infinito, concretiza os seus objetivos. A razão é o pensar livre e determinante de si mesmo.
20. Explicar a história significa descobrir as paixões do homem, seu gênio, suas forças atuantes.
Somente Sócrates havia dado o primeiro passo para compreender a união do concreto e do universal.
Na história universal, lidamos com indivíduos, que formam povos, e com totalidade, que são os Estados. Portanto não podemos nos ater a miudezas da crença na Providencia, e menos ainda à crença abstrata e indeterminada, que apenas quer generalizar, ou seja, supor que existe uma Providência, mas não os fatos determinantes da mesma.
O espírito é aquele que conduz à verdade e conhece todas as coisas, penetrando no âmago da divindade.
21. Foi nos imposto (pela revelação do Deus cristão) o dever de reconhecê-lo. Ele não quer ter almas mesquinhas e cabeças vazias como seus filhos, mas sim aqueles cujo espírito próprio, embora pobre, é rico por seu conhecimento, bem como os que consideram esse conhecimento como o único valor.
Já é tempo de compreender, também, a rica produção da razão criadora que é a história universal.
Essa conciliação só pode ser alcançada pelo conhecimento do afirmativo, no qual desaparece o negativo, tornando-se este subordinado e superado pela consciência, em parte o que é o objetivo final do mundo.
A razão, da qual se disse que rege o mundo é, igualmente, uma palavra tão indeterminada como a Providência; fala-se sempre da razão, mesmo sem poder indicar qual é a sua determinação, o seu conteúdo, segundo quais princípios podemos julgá-la, se algo racional, se é irracional. A razão compreendida em sua determinação, é objeto de que tratamos aqui: o restante, se quisermos permanecer ainda na razão, são apenas palavras.
Cap 2 - Determinação Detalhada desse Princípio
23. A história universal situa-se no campo espiritual – determinações abstratas da natureza do espírito; de que meios precisa o espírito para realizar a sua idéia; - e, finalmente; é necessário observar a forma que é a realização completa do espírito na existência: o Estado.
A essência do espírito é a liberdade.
24. A liberdade é a única verdade do espírito.
O espírito é em si mesmo e por si mesmo. E isso é a liberdade, pois quando seu dependente, então relaciono-me a um outro que não sou eu, eu não posso existir sem um exterior; eu sou livre quando estou em mim mesmo, Esse “estar em si mesmo” do espírito é a autoconsciência, a consciência de si mesmo.
Conforme essa determinação abstrata, pode-se dizer que a história universal é a representação do espírito no esforço de elaborar o conhecimento de que ele é em si mesmo. E, como a semente carrega em si toda a natureza da árvore, o sabor e a forma dos frutos, assim os primeiros traços do espírito já contêm também, virtualmente, toda a história.
Os orientais não sabem que o espírito é livre em si mesmo; e por não o saberem, não o são.
A liberdade do espírito constitui a sua natureza mais intrínseca.
25. A história universal é o progresso na consciência da liberdade.
Como determinação do mundo espiritual pela qual ele é o mundo substancial, o mundo físico a ele subordinado, em termos especulativos, não tem nenhuma verdade em relação ao primeiro, a não ser como causa final do mundo, consciência do espírito de sua liberdade e, igualmente, realidade de sua liberdade.
Ao mesmo tempo, a liberdade em si mesma, que encerra a infinita necessidade de se tornar consciente – pois ela é, segundo seu conceito, o conhecimento em si -, é o fim que ela tende e a única finalidade do espírito. Na história universal tudo convergiu para esse objetivo final... É o único fim que se realiza e se cumpre, o único permanente na trama mutável de todos os acontecimentos e circunstancias, bem como a força verdadeiramente atuante. Esse objetivo final é aquilo que Deus quer do mundo, porém Deus é a perfeição, e por isso não pode querer nada além de si mesmo, sua própria vontade. Quanto à natureza de sua vontade, ou seja, a sua própria natureza é o que denominamos aqui de liberdade, apreendendo por meio do pensamento a representação religiosa.
26. Os meios da realização de sua idéia - >  Manifestações da própria história
Os Meios são algo exterior, o fenômeno que aparece aos olhos, apresentando-se imediatamente na história. As paixões, ao contrario, os objetivos do interesse particular e a satisfação do egoísmo são fatores mais poderosos (que a virtude, que o amor à pátria, que um bem-querer); seu poder está em não considerar nenhum dos limites que o direito e a moralidade lhe querem impor.
27.  Fins, fundamentos, etc. estão em nossos pensamentos, em nossas intenções, mas não na realidade ainda. O que é em si é uma possibilidade, uma capacidade, que de seu interior ainda não atingiu a existência. Tem que advir um segundo momento para realizar-se; esse momento é a atividade, a realização, cujo princípio é a vontade, a própria atividade humana.
Eis o direito infinito do sujeito: encontrar satisfação em sua própria atividade e trabalho.
28. Tem se que evitar um mal entendido: critica-se e diz-se no mau sentido e com razão, que um indivíduo só se interessa por aquilo que é de seu proveito particular. Se censuramos isso, achamos que ele procura proveito próprio sem levar em consideração o objetivo geral, mas fingindo esforçar-se por este, ou mesmo quando ele o sacrifica; porém, quem está emprenhado em alguma coisa não está interessado apenas no geral, mas também no particular.
Nada de grande acontece no mundo sem paixões.
São dois os momentos que intervêm no nosso objetivo: o primeiro é a idéia, o segundo, as paixões humanas; um é a urdidura do tecido, o outro, a trama do grande tapete da história universal que se desenrola perante nós. O centro concreto de ambos é a liberdade moral no Estado.
29. Portanto direi paixão no sentido de determinação particular do caráter, de modo que essas determinações do querer não tenham somente conteúdo particular, mas constituam o atuante de ações gerais.
Paixão é o lado subjetivo, formal, da energia, da vontade e da atividade, no qual o conteúdo ou o objetivo ainda permanecem indeterminados.
Mas se a natureza do conteúdo é essa, urge que ele se manifeste.
Um Estado é bem organizado re vigoroso quando seus fins gerais se conjugam ao interesse particular dos cidadãos.
A história universal começa com o objetivo geral de que o conceito do espírito seja satisfeito em si, quer dizer, como natureza; ele é o instinto inconsciente interior mais profundo e todo o trabalho da historia universal é trazê-lo à consciência.
Essa imensa quantidade de vontade, interesse e atividade constitui os instrumentos e os meios do espírito universal para realizar o seu objetivo, para trazê-lo até a consciência e para concretizá-lo.

30. A razão rege o mundo e também tem regido a história universal. A razão é imanente à existência histórica e nela se realiza.
O universal está nos fins particulares e realiza-se por intermédio deles.
A idéia geral é por um lado a plenitude substancial e, por outro, o abstrato do livre arbítrio.
Feliz é aquele que adaptou a sua existência ao seu caráter particular; vontade e arbítrio, e assim desfruta de sua existência. A história universal não é o palco da felicidade.
A atividade situa-se entre dois extremos: entre o geral, a idéia que repousa no interior do espírito, e a exterioridade, a matéria concreta.
31. Da mesma forma, as paixões são satisfeitas guiando a si mesmas e seus objetivos, segundo sua determinação natural, construindo o edifício da sociedade humana, onde essas paixões autorizam o direito e a ordem a atuarem contra si mesmas.
32. Algo tão vazio como o bem pelo bem não se manifesta na realidade, precisa-se saber se isso ou aquilo é o bem.
Há o conteúdo que, por ser bom, pode se apresentar no geral como vantajoso, essencial e necessário. Essas possibilidades (que se contrapõem a esse sistema, infringindo-o, destruindo os seus fundamentos e sua realidade) tornam-se, pois, históricas: elas encerram um valor geral diferente daquele que constitui a base da existência de um povo ou não nação. Esse valor geral é um momento da verdade, aspirando a si mesma.
Os homens históricos, os indivíduos histórico universais, são aqueles em cujos objetivos reside essa universalidade.
33. Os grandes homens da história são aqueles cujos fins particulares contêm o substancial que é a vontade o espírito universal. Por intermédio deles todos os outros aprenderam, apreciaram ou, pelo menos, a isso se submeteram, pois o espírito que está mais adiante é a alma interior de todos os indivíduos, a interioridade inconsciente que os grandes homens tornam consciente.
34. Aliás, o homem livre não é invejoso; longe disso, gosta de reconhecer o que é grande e sublime, e rejubila-se de que algo assim exista.
35. O interesse particular da paixão é, portanto inseparável da participação do universal, pois é também a atividade do particular e de sua negação que resulta o universal.  É o particular que se desgasta em conflitos, sendo em parte destruído. Não é a idéia geral que se expõe ao perigo na oposição e na luta... A isso se deve chamar astúcia da razão: deixar que as paixões atuem por si mesmas, manifestando-se na realidade, experimentando e sofrendo danos, pois esse é o fenômeno no qual uma parte é nula e a outra afirmativa.
Os indivíduos são feitos parte dessa categoria de meios.
Tratando-se da realização do fim racional pelos indivíduos, assinalamos o lado subjetivo dos mesmos, seus interesses, suas necessidades e instintos, suas opiniões e sua sabedoria como seu lado formal, o qual tem o direito infinito de ser satisfeito.

36. O homem só é um fim em si mesmo por meio do divino que reside nele, do que foi chamado no início de razão, desde que ativa e auto determinante, ou seja, o que denominados liberdade.
Quando se trata de um fim em si e por si, o que se chama ventura ou infortúnio deste ou daquele indivíduo particular não pode ser tratado como momento da ordem racional do universo. Com mais justiça do que apenas o acaso e circunstancias favoráveis aos indivíduos, exige-se do fim universal que fins bons, morais e justos busquem por intermédio dele, e nele sua realização e segurança.
37. Se a história parecia outrora apresentar-se como um luta de paixões, ela se mostra em nossos tempos essencialmente sob o disfarce de legitimações superiores.
É mais fácil enxergar os defeitos dos indivíduos, dos Estados dos caminhos universais, do que seu valor potencial.
38. Deus governa o mundo e o conteúdo do seu governo, a realização do seu plano, é a história universal.
39. A configuração existencial dessa realização
Qual o material no qual o fim absoluto é realizado? Trata-se, inicialmente, do próprio sujeito, das necessidades humanas, da própria subjetividade. No saber e querer humanos, como no material, o racional manifesta-se na existência.
Essa vontade tem também uma vida substancial, uma realidade, na qual ela se movimenta em substancia e tem sua própria essência como fim de sua existência. Essa essência é a própria união da vontade subjetiva e da razão: Isto é, o todo moral, o Estado, que é a realidade na qual o indivíduo tem e desfruta de sua liberdade, como saber, crença e vontade universal.
A vontade subjetiva e a paixão são os fatores que atuam, que realizam. O Estado é o que existe, é a vida real e crítica, pois é a unidade do querer universal, essencial, e do querer subjetivo.
É preciso saber que o Estado é a realização da liberdade, isto é, da finalidade absoluta, que ele
40. existe por si mesmo; além disso, deve-se saber que todo valor que o homem possui, toda realidade espiritual, ele só tem mediante o Estado.
Sua realidade espiritual consiste em que seu ser, o racional, seja objetivo para ele que sabe, que tenha para ele existência objetiva e imediata, só assim o homem é consciência, só assim ele está na eticidade, na vida legal e moral do Estado, pois o verdadeiro é a unidade da vontade universal e subjetiva. No estado o universal está nas leis e determinações gerais e racionais. A lei é a objetividade do espírito e da vontade em sua verdade e só a vontade que obedece a lei é livre, pois ela obedece a si mesa, está em si mesa livremente.
41. A sociedade e o Estado impõem seguramente restrições limitando (esses) sentimentos rudes e instintos grosseiros, como também a arbitrariedade refletida dos caprichos e da paixão.
Os fins universais devem ser descobertos somente pela atividade do pensamento; que se distingue da sensibilidade e se desenvolve diversamente, integrando-se na vontade sensível, mesmo contra essa própria vontade.
Antes de mais nada, tal limitação é pura e simplesmente a condição da qual surge a libertação, sendo a sociedade e o Estado as condições nas quais a liberdade se realiza.
A relação familiar serve de base ao Estado patriarca, no qual se desenvolve conscientemente a primeira moralidade objetiva à qual se junta depois, como segunda, o Estado. O Estado deve
42. ter o maior respeito pela família; é graças a ela que ele tem como seus membros indivíduos, que como tal, são objetivamente morais e que trazem para o Estado o fundamento sólido capaz de fazê-los identificar-se com o todo.
43. O Estado é uma abstração que tem a sua própria atividade universal nos cidadãos, mas e4le existe de fato, e só por intermédio da vontade e da atividade individual a existência universal se define. Só pela constituição é que o abstrato do Estado se torna vivo e real.
O Estado deve ter força e poder como realidade, como unidade individual.
44. Qual a melhor constituição? Por meio de qual diretriz, organização ou mecanismo do poder estatal deve ser alcançado de forma mais segura o fim do Estado?
Esse fim pode ser concebido de diversos modos: como um tranqüilo fruir da vida burguesa ou como um bem-estar geral. Tais fins produziram as constituições ditas ideais.
A determinação da liberdade – que serve de base, mas é tida como abstrata – tem como conseqüência o fato de que, na teoria geralmente a república vale como a constituição única, justa e verídica. Nem mesmo os que ocupam, nas constituições monárquicas, altos cargos da administração estatal contestam tal opinião, afeiçoando-se a ela. Eles admitem, entretanto, que tal constituição não poderia, na realidade, ser introduzida por toda a parte, pois do jeito que os homens são, seria preciso que todos se contentassem com menos liberdade, a tal ponto que a constituição monárquica seria mais útil nessas circunstâncias, segundo a condição moral do povo.
45. Deve ser mostrado que a constituição de um povo junto com sua religião, sua arte e sua filosofia, ou pelo menos, suas representações e pensamentos – enfim, com a sua cultura em geral (para não citar outras forças externas, tais como o clima, países vizinhos e a posição no mundo) -, constitui uma substancia única, um espírito.
A constituição é a determinação de toda a individualidade espiritual.
E uma constituição é importante a formação de uma situação racional. O Estado é a liberdade racional, que se sabe objetiva e que existe para si mesma.
A objetividade da liberdade consiste em que os seus momentos não sejam ideais, mas existam em uma realidade particular.
O Estado é a idéia moral exteriorizada na vontade humana e liberdade desta. Por isso, a alteração da história pertence essencialmente a ele.
46. As constituições sob as quais os povos históricos conseguiram a sua expansão são lhes particulares, e não apenas um fundamento geral.
Comparando-se as constituições dos antigos povos históricos, nada pode ser apreendido delas para o princípio último da constituição para, por assim dizer o princípio de nossos tempos.
O antigo e o atual não possuem juntos um princípio essencial comum.
O povo deve ser representado por deputados para a elaboração das leis.
A liberdade, como é determinada pelo conceito, não tem por princípio a vontade subjetiva e a arbitrariedade, mas sim o conhecimento da vontade geral, o sistema da liberdade é o livre desenvolvimento de seus momentos.
A vontade subjetiva é uma determinação totalmente formal, que não contém o que a vontade quer. Só a vontade racional contém esse elemento universal que se auto determina, se desenvolve e desdobra os seus momentos em membros orgânicos.
47. Os dois momentos: O Primeiro; a idéia da liberdade como fim absoluto; o segundo momento: seu meio, o lado subjetivo do saber e do querer com sua vitalidade, ação e atividade. Reconhecemos, então, o Estado como totalidade moral e a realidade da liberdade – a unidade objetiva desses dois momentos.
O Estado é o fundamento e o centro dos outros lados concretos da vida do povo: a arte, o direito, a moral, a religião e a ciência.
Quando eu sei o que quero, quero o objeto universal.
Entre as manifestações dessa união consciente a religião está em primeiro lugar. É pelo sacrifício que o homem exprime sua renúncia à propriedade, à vontade e aos sentimentos individuais.
A segunda manifestação no espírito é a arte. O divino deve, por meio da arte, tornar-se intuição; ela a apresenta à fantasia e à capacidade intuitiva.
A terceira manifestação é a filosofia; a forma mais elevada, livre e sábia.
O princípio geral que se manifesta no Estado e torna-se um objeto da consciência, a forma sob a qual tudo se torna real, é isso que constitui a Cultura de uma nação. Porém, o conteúdo    
48. determinado que recebe a forma de universalidade, e que existe na realidade concreta é o Estado, é o próprio espírito do povo. O homem precisa também conhecer esse seu espírito, a sua própria essência, e adquirir consciência de sua unidade original, pois dissemos que a moralidade é a unidade da vontade subjetiva e da vontade universal.
A religião é o lugar em que um povo apresenta a si próprio a definição do que ele considera verdadeiro.
49. Os princípios do Estado devem, a rigor, ser considerados como válidos em si e por si. Isso só será possível se esses princípios forem considerados determinações da própria natureza divina.
O Estado, a vitalidade dele nos indivíduos, foi denominada moralidade objetiva.
50. A totalidade temporal é uma essência, o espírito do povo. Os indivíduos pertencem a ele; cada um é o filho de seu povo e, igualmente, um filho do seu tempo.
O espírito do povo é determinado pelo grau de seu desenvolvimento histórico. O espírito determinado de um povo é apenas um individuo no decorrer da história universal.
A história universal ocupa-se apenas em mostrar como o espírito chega, progressivamente, ao reconhecimento e à adoção da verdade: surge o conhecimento, o espírito começa a descobrir pontos relevantes e, finalmente, alcança a consciência total.

Capitulo 4 – Tempo Moderno – A Reforma
343. A Reforma surge da decadência da Igreja, que desenvolveu-se a partir dela mesma.
344. Os contrastes dentro dela – vício rude e cobiça e, por outro lado, a nobreza da alma que tudo sacrifica – tornaram-se ainda mais fortes pela energia que o homem percebe em sua força subjetiva perante as coisas exteriores, na natureza, na qual ele se conscientiza de sua liberdade e adquire assim um direito absoluto para si. A igreja, que deve salvar as almas da decadência, transforma essa salvação em um instrumento exterior. O perdão dos pecados é oferecido ao homem da forma mais exterior e leviana, como algo que pode ser facilmente comprado.
345. A subjetividade, a verdadeira espiritualidade – Cristo – de forma alguma está presente e é real de forma exterior, mas é alcançado com o próprio espiritual na conciliação com Deus. O espírito de Cristo preenche realmente o coração humano. Cristo não deve, portanto, ser considerado uma pessoa histórica, mas o homem tem em si uma relação imediata no espírito.
Não existe diferença mais entre sacerdote e leigo, não há mais uma classe que detenha exclusivamente o conteúdo da verdade – essa subjetividade é de todos os homens.
346. A subjetividade apodera-se agora do conteúdo objetivo, isto é, da doutrina da igreja.
Na Igreja Luterana, a subjetividade e a certeza do indivíduo são tão necessárias quanto a objetividade da verdade. Para os luteranos, a verdade não é um objeto fabricado; é o próprio sujeito que deve se tornar verdadeiro, ao desistir de seu conteúdo particular em troca da verdade substancial e apropriar-se dessa verdade. Dessa forma, o espírito subjetivo torna-se livre na verdade, nega a sua particularidade e em sua verdade chega a si mesmo. Assim, a liberdade cristã se tornou real.
Até a cultura pertence à forma; a cultura é a confirmação da forma universal, e isso é o próprio pensamento. O direito, a propriedade, a moralidade objetiva, o governo, a constituição, entre outras coisas, têm agora que ser determinadas de maneira universal para que sejam adequados e razoáveis ao conceito da livre vontade.
Estados e leis não são mais do que o surgimento da religião nas relações da realidade.
Este é o conteúdo essencial da Reforma: o homem está determinado por si mesmo a ser livre.
347.  Cada um deve instruir-se com a Bíblia e cada um pode então determinar a sua consciência.
As Igrejas se tornaram partidos antagônicos... Nos países não-católicos, os conventos e os bispados foram suprimidos, e o direito de propriedade dos mesmos não foi reconhecido. O ensino foi reorganizado, os jejuns e os dias santos abolidos. Assim também existiu uma reforma temporal – uma mudança alterando o estado das coisas fora das relações eclesiásticas.
Em muitos lugares houve rebeliões... Os agricultores rebelaram-se em massa para se libertar do jugo da servidão.
348. A Reforma surgiu na Alemanha e só foi compreendida pelos povos realmente germânicos. As nações latinas e eslavas mantiveram-se afastadas.
Existem certos princípios fundamentais que os homens se habituam a receber em função da autoridade; assim, em muitos países, também a autoridade decidia pela aceitação ou não da Reforma.
349. A pura interioridade da nação germânica foi o verdadeiro solo para a libertação do espírito, e as nações latinas, ao contrario, conservaram no mais profundo da alma, na consciência do espírito, a desunião: elas surgiram da mistura do sangue latino e germânico, e ainda conservam em si essa heterogeneidade.
O desenvolvimento e o progresso do espírito a partir da Reforma consiste em que, procedendo sua liberdade da intermediação entre o homem e Deus, o espírito está consciente da certeza do processo objetivo, como o próprio ser 350.divino, compreendendo o agora e realizando-o na formação temporal. Foi pela reconciliação conquistada que se deu a consciência de que o temporal é capaz de possuir o verdadeiro em si, o que era tido como a maldade do temporal, incapaz da bondade que permanecer no além.
Disso se segue que o casamento não mais possui o celibato acima de si...
O homem entra para a coletividade por intermédio da família; para a relação de interdependência na sociedade essa relação é de caráter moral.
Não trabalhar deixou de ser considerado como algo santificado; passou-se a reconhecer como sublime o homem se fazer independente por meio da atividade, da inteligência e da diligência.
A indústria, os ofícios e os negócios tornaram-se morais, e os obstáculos impostos pela Igreja desapareceram.
A obediência tornou-se um princípio perante as leis estatais, da razão, do querer e do fazer... Com isso, colocou-se a possibilidade de um desenvolvimento e a introdução da razão e da liberdade – a razão e os mandamentos divinos são agora sinônimos.
351. O que é justo tem que ser encontrado no pensamento.
A reconciliação deve dar-se primeiro no sujeito como tal; em sua sensibilidade consciente.
O homem não é por natureza o que deveria ser; ele só alcança a verdade por meio do processo de transformação.
Foi exigido que o verdadeiro sujeito se conscientizasse daquilo que ele é em si, isto é, quis a dogmática que o homem soubesse que é mau. Mas o indivíduo só é mau quando o natural na cobiça sensível, a vontade inabalável, inculta e brutal da injustiça, torna-se real.
352. A nova consciência da subjetividade do homem, da interioridade de sua vontade trouxe a crença na maldade como um imenso poder da temporalidade. Essa crença é paralela ao perdão: assim como se podia comprar a bem aventurança eterna, acreditava-se então que se pudesse comprar, por um trato feito com o Diabo, a bem aventurança e os impérios do mundo e do poder para cobiças e paixões. Assim, da crença desse poder, cujos domínios são o mundo, o Diabo e sua astúcia, surgiu uma quantidade imensa de julgamentos pro bruxaria... , mas a base para esses processos era só a crença em que as pessoas praticavam o poder do mal. Foi como uma terrível peste quer assolou os povos, principalmente do século XV. O principal motivo era a suspeita, que surgiu da mesma forma no domínio imperial romano e no domínio ditatorial de Robespierre, onde a atitude moral era castigada.
353. No que tange à formação do Estado, vemos inicialmente a monarquia solidificar-se e os monarcas revestirem-se do poder estatal.
Infinitamente importante é essa forma de direito privado que constituía os elementos do poder estatal. Em seu ápice estava este fator fixo e positivo: só uma família existe como dinastia reinante; a sucessão de reis é determinada pelo direito de hereditariedade, ou seja, pela linhagem da primogenitura. O Estado concentra o seu núcleo irremovível.
O Estado precisa ter uma última vontade decisiva; mas se um indivíduo deve ser considerado o poder decisório final, ele o deve ser de forma determinada e natural e não por escolha, opinião ou método deste gênero
Os domínios não pertenciam a um único senhor, mas à família como fideicomissos, e as classes tinham a garantia, pois deviam manter a unidade. Dessa forma, o principado perdeu o sentido de propriedade particular, de posses de bens e domínios, de jurisdição, etc., passando a ser propriedade e assunto estatal.
Igualmente importante – e disso resultante – é a transformação das formas, negócios, deveres e direitos, que por conceito fazem parte do Estado, e que se tornam propriedade privada e compromisso particular na posse estatal. Os direitos dos dinastas e barões foram anulados, e eles tiveram que se contentar com funções estatais.
354. O advento dos exércitos é muito importante, pois eles dão à monarquia um poder independente
A inquisição fortaleceu o despotismo dos reis, estava acima de bispos e arcebispos e podia submetê-los ao tribunal. A inquisição era um tribunal de suspeita, e já que exercia um enorme poder sobre o clero, tinha o seu verdadeiro apoio no orgulho nacional.
O principal interesse era que os direitos privados dos dinastas fossem diminuídos e transformados em deveres perante o Estado. Esse interesse partia tanto dos reis como do povo.
355. A aristocracia da época é contra o poder estatal e contra os indivíduos. Mas a aristocracia deve cumprir o seu dever de ser o suporte do trono, trabalhando para o Estado e para o universal, e agindo como suporte da liberdade dos cidadãos. Essa é, justamente, a prioridade do centro de ligação: que ele assuma o conhecimento e a confirmação do razoável e do universal em si; e esse conhecimento, essa ação do universal têm que surgir no lugar do direito positivo pessoal.
 O objetivo das guerras é sempre o de conquista.
Racionalidade – sublime unidade do pensamento
356.  Das guerras entre as forças estatais surgiram interesses comuns, e o objetivo dessa comunhão de interesses era manter a particularidade, conservar os principais Estados independentes – na verdade, o equilíbrio político.
A ligação dos Estados como instrumentos para protegê-los das arbitrariedades dos poderosos, o objetivo do equilíbrio, ocupou então lugar do antigo fim universal, de uma cristandade cujo centro seria o papa.
A política diplomática tornou-se, na Itália, altamente sofisticada, e de lá se espalhou pela Europa.
357. Súditos de príncipes católicos tornaram-se protestantes, reivindicaram bens da Igreja, alteraram a natureza da posse e abstiveram-se do culto, renegando os emolumentos ( jurastolae)
Sem guerras, a existência dos protestantes não poderia ser assegurada, pois no se tratava da consciência como tal, mas das propriedades políticas e particulares que haviam sido tomadas da Igreja, as quais ela reclama.
358. Com poucas exceções, todos os poderes da Europa precipitaram-se para a Alemanha, para onde eles fluíam como uma fonte, da qual eles então partiam e na qual se deveria agora obter o direito da interioridade religiosa e da separação interior. A luta termina sem que se tenha adquirido uma idéia, um princípio como pensamento, no cansaço geral em que todas as forças se esgotaram e no mero deixar acontecer e existir das partes, sob a base do poder exterior. A saída agora é somente política.
Deve-se observar que para a segurança dos governos, os príncipes valorizavam a religião católica, em especial quando a Inquisição estava ligada ao governo. Essa segurança, porém reside na obediência servil e religiosa e só existe quando a constituição e todo o direito estatal se baseiam na propriedade positiva; mas quando a constituição e as leias dever ser constituídas pelo direito realmente eterno então a segurança só existe na religião protestante, em cujo princípio se manifesta também a liberdade subjetiva da racionalidade.
359. O resultado da luta foi, portanto, a existência estabelecida politicamente e pela força de partidos religiosos convivendo como Estados políticos e segundo as relações positivas do direito estatal e privado.
360.  A universalidade é a profundeza do espírito e a força consciente do pensamento.
O iluminismo e a Revolução
Na religião protestante, o principio da interioridade surgiu com a liberdade religiosa e a satisfação em si mesmo e, com isso, também a crença nessa interioridade representando o mal e o poder temporal. Também na igreja católica, a casuística jesuíta introduziu infinitas pesquisas mais abrangentes e refinadas que as da teologia escolástica, acerca da fonte interior da vontade e dos motivos da mesma. Nesta dialética, que fazia todo o particular vacilante, onde o mal foi transformado em bem e o bem em mal, nada restou a não ser a pura atividade  da própria interioridade, o abstrato do espírito, ou seja, o pensamento. O pensamento considera tudo em forma de universalidade e, por isso, é a atividade e produção do universal.
361. O homem não é livre se não pensa, apenas mantém com o mundo à sua volta uma relação com outra forma de ser.
A razão é o fundamento substancial tanto da consciência como do exterior e do natural. Desse modo, o outro diante de si não é mais o além, não tem outra natureza substancial.
A experiência tornou-se a ciência do mundo, pois ela é por um lado a percepção, mas também o descobrimento da lei, do interior, da força, ao devolver o existente à sua simplicidade.
Contra a fé na autoridade foi imposto o domínio do sujeito por si mesmo.
362. O homem é livre por meio do conhecimento da natureza.
Às determinações universais, baseadas na consciência presente, nas leis da natureza e em seu conteúdo que é justo e bom, chamou-se de razão. À validade destas leis chamou-se iluminismo.
363. O que é justo e moral e pertence à vontade essencial, em si existente, em si universal, e para se saber o que realmente é justo é preciso se abstrair da simpatia, instinto, ânsia, assim como do particular. Portanto é preciso saber o que é a vontade em si. A vontade que se quer é a razão de todo direito, de todo dever e, assim, de todas as leis jurídicas, de todos os mandamentos e de todas as ligações impostas. A liberdade da própria vontade é, como tal, o princípio e fundamento substancial de todo direito – ela é em si absoluta; é, em si e por si, o eterno direito inerente em comparação a outros direitos especiais, e é o que torna o homem um homem; é, portanto, o princípio fundamental do espírito.
Cita Kant – Para ele, a simples unidade da autoconsciência, o eu, é a liberdade inabalável, pura e simplesmente independente, e a fonte de todas as determinações universais do pensamento – a razão teórica e, do mesmo modo, a mais sublime de todas as determinações práticas - a razão prática como vontade livre e pura.
364. O direito natural é a liberdade, e a sua outra determinação é a igualdade dos direitos perante a lei. Uma relação direta manifesta-se aqui, já que a igualdade vem da comparação de muitos, e esses muitos são justamente pessoas cuja determinação básica é a mesma, ou seja, a liberdade. Esse princípio permaneceu forma porque surgiu do pensamento abstrato, do entendimento que é, inicialmente, autoconsciência da razão pura, imediata e abstrata.
A vontade só é tida como honrada quando almeja sabiamente o direito, a justiça e o bem-estar de todos.
365. O Estado, como agregado de muitos isolados, não é, a rigor, uma unidade substancial em si e por si, nem uma verdade do direito que deve ser adequada à vontade das pessoas isoladas para ser realmente uma vontade livre, mas parte de átomos da vontade, e toda vontade é apresentada imediatamente como absoluta.
Com isso foi encontrado um princípio intelectual, para servir de base ao Estado, que não é mais um princípio qualquer da opinião – como ímpeto da sociabilidade, a necessidade de segurança da propriedade, etc – nem o da religiosidade – como a instituição divina da autoridade -, mas é o principio da certeza, a identidade com a minha autoconsciência, ainda que não seja o principio da verdade, que seve ser diferenciado dele... A consciência espiritual é essencialmente o fundamento e por isso a filosofia tornou-se dominante. Diz-se que a Revolução Francesa partiu da filosofia, e não foi sem fundamento que se denominou a filosofia sabedoria universal, pois ela não é somente a verdade em si, como pura substancialidade, mas também a verdade em sua forma viva na universalidade. Mas essa filosofia é só pensamento abstrato, não é compreensão concreta da verdade absoluta, o que constitui imensa diferença.
O novo espírito começou a agitar as mentes dos homens, e a opressão levou-os à investigação. Descobriu-se então que as quantias extorquidas do povo não eram utilizadas no aprimoramento do Estado, mas gastas da forma mais absurda. A mudança foi necessariamente violenta porque a transformação não partiu
366. do governo, porque a corte, o clero, a nobreza e o parlamento não queriam abdicar de seus privilégios, nem por necessidade, nem pelo direito em si; além disso, o governo, como centro concreto do poder estatal, não podia tomar os desejos individuais como principio e a partir deles reconstruir o Estado; finalmente, pelo fato de o governo ser católico, e em função disso, não prevalecer o conceito da liberdade e da razão das leis como último e absoluto compromisso.
A liberdade apresenta dois aspectos: um diz respeito ao seu conteúdo e propósito, a objetividade, a coisa em si; o outro é a forma de liberdade, o sujeito sabe-se atuante, pois a liberdade pressupõe que o sujeito s se saiba dentro dela e que faça a sua parte, pois é de seu interesse que ela se concretize.
3 Momentos e Poderes do Estado
(a)               As leis da racionalidade e do direito em si, a liberdade objetiva ou real – aqui se encontram a liberdade da propriedade e a liberdade da pessoa.
Além disso, faz parte da verdadeira liberdade a liberdade de trabalho, ou seja, é permitido ao homem usar como queira as suas forças. Está presente aqui também o livre acesso a todas as instituições estatais. Estes são os momentos da verdadeira liberdade, que não se baseiam em sentimentos – pois o sentimento permite a existência da servidão e da escravidão – e sim no pensamento e na autoconsciência do homem de sua essência espiritual.
367.(b)A atividade concreta das leis é o governo. Inicialmente ele é o exercício formal das leis, e cuida da manutenção delas. Ele persegue o fim estatal de manter a autonomia das nações em sua individualidade perante outras... Ele também deve obter lucro.
No Estado há um elemento universal em atividade.
Os poucos devem representar os muitos... O domínio da maioria sobre a minoria é inconseqüente.
(c) a colisão de vontades subjetivas conduz ao terceiro momento – da tomada de decisões – que é o querer interior das leis, não só do costume, mas a conscientização de que as leis e a própria constituição seriam algo sólido, e que o mais sublime dever do indivíduo seria subjugar as vontades particulares.
A sabedoria fundamental indica-nos que se devem separar totalmente as leis estatais e a constituição da religião.
369. A vontade universal deve também ser a empiricamente universal – os indivíduos devem, como tal, governar ou, pelo menos, participar do governo.
370.  Revolução Francesa em conexão com a história do mundo: O liberalismo dominou de modo especial todas as nações latinas (França, Itália e Espanha), mas por toda parte ele fracassou.
As nações protestantes, defrontaram-se contra as latinas.
371. A Inglaterra manteve-se, com muito esforço, em seus antigos fundamentos.
A constituição inglesa resistiu. O governo é essencialmente administrativo; considera o interesse de todas as estirpes e classes, e a Igreja, as comunidade, os condados e as sociedades cuidam de si mesmas, de modo que em nenhum lugar o governo tem tão poucas atribuições como na Inglaterra. É exatamente isso que os ingleses chamam de liberdade, o contrario da centralização da administração francesa, onde até o menos alcaide é designado pelo ministério ou por seus funcionários... O interesse geral é, desta forma, concreto; e o particular sabe-se aqui incluído e desejado.
372. A existência material na Inglaterra baseia-se no comércio e na indústria, e os ingleses assumiram a grande tarefa de ser os missionários da civilização em todo o mundo, pois seu espírito comercial impulsiona-os a revistar todos os mares e todos os países, a ter ligações com povos bárbaros, a despertar neles necessidades e atividades e, principalmente, a estabelecer, entre eles, as condições para o comércio: a abolição das violências e o respeito perante as propriedades e a hospitalidade.
373. A história universal nada mais é que o desenvolvimento do conceito de liberdade. Todavia, a liberdade objetiva – as leis da liberdade real – exige a submissão da vontade em si mesma, a visão da razão tem que lhe corresponder, e assim existe também o momento essencial da liberdade objetiva.
A filosofia diz respeito ao esplendor da idéia que se reflete na história universal. Seu interesse é conhecer o processo de desenvolvimento da verdadeira idéia, ou seja, da idéia da liberdade que é somente a consciência da liberdade. A história universal é o processo desse desenvolvimento e do devenir real do espírito no palco mutável dos acontecimentos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
HEGEL, Georg W. F. Filosofia da História. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008.




[1] A “(...) a história universal é a representação do espírito no esforço de elaborar o conhecimento de que ele é em si mesmo. E, como a semente carrega em si toda a natureza da árvore, o sabor e a forma dos frutos, assim os primeiros traços do espírito já contém também, virtualmente toda a história (...) a história universal é o progresso na consciência da liberdade – um progresso cuja necessidade temos de reconhecer” (p. 24- 25). Esse ponto gera algumas questões importante ao debate de Hegel: Há um fim da história ou Hegel fala dele, pois o fim da história é o próprio tempo moderno? (Ou seja, a modernidade é o fim da História ou esse fim está em aberto?). Metodologicamente, a questão da filosofia como perspectiva da totalidade que apresenta o percurso do Espírito a partir de como aparece na história (fenômeno).



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